11/07/2023 - 08h00

Escola de Medicina promove colaboração internacional com instituições de Moçambique e dos EUA

Projeto de intercâmbio proporciona aos estudantes vivências especiais e contato com diferentes realidades

Colaboração da PUCRS com instituições de Moçambique e dos EUA promovem formação internacionalizada aos estudantes/ Foto: Divulgação

Entre as várias experiências que ajudam a compor a formação acadêmica de um estudante, a internacionalização é uma das mais enriquecedoras: além do contato com uma cultura e idioma estrangeiros, há o benefício do contato com a área de conhecimento/atuação do aluno em outro país, em um contexto social, cultural e econômico diferente. Essa é a proposta da Escola de Medicina da PUCRS, que possui um programa de colaboração internacional com duas instituições no exterior: o Hospital Central de Maputo, em Moçambique, e a Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos. O objetivo da iniciativa, que existe desde 2017, é fortalecer a formação humanizada dos estudantes, ampliar sua visão sobre os sistemas de saúde e promover a troca de conhecimentos e experiências entre profissionais de diferentes países. 

Além dos benefícios para os alunos, a proposta é de melhorar, juntamente com a formação médica, as condições de saúde pública em locais extremamente necessitados. O decano da Escola, Leonardo Araújo Pinto, destaca a relevância do impacto social de iniciativas como essa: 

“Os estudantes têm a oportunidade de vivenciar desafios da saúde em contextos distintos, contribuindo para uma compreensão mais ampla das necessidades e realidades em diferentes países. Esses intercâmbios também trazem benefícios para a assistência médica local, ao trazerem perspectivas e conhecimentos internacionais que podem contribuir para a melhoria dos serviços de saúde oferecidos à população”, pontua. 

Como funciona o projeto 

As inscrições para o programa de colaboração internacional são realizadas por meio de editais internos. Os alunos/as da Escola de Medicina que desejarem participar devem estar cursando entre o 4º e o 6º ano da graduação, além de terem que passar pelos seguintes critérios de seleção: classificação por Coeficiente de Rendimento, avaliação do Currículo Lattes e uma entrevista. 

Os estudantes podem escolher o destino que desejarem, o intercâmbio na Califórnia ou em Moçambique – há um processo distinto para cada um dos dois. “Isso permite que os estudantes personalizem sua experiência de intercâmbio de acordo com seus interesses, objetivos e preferências individuais”, acrescenta Leonardo.  

Ao chegarem ao destino escolhido, são recepcionados pelo setor de internacionalização da PUCRS, onde são apresentados aos aspectos da cultura local e às oportunidades disponíveis na instituição em que atuarão. Então, são recebidos por um professor que irá orientá-los na prática observacional assistida.  

Estudantes brasileiros têm muito a aprender com a medicina dos Estados Unidos e de Moçambique/ Foto: Divulgação

Trocas internacionais de vivências e conhecimentos

Sendo Estados Unidos e Moçambique países tão distintos em aspectos culturais e socioeconômicos, não seria diferente com relação à Medicina. Tanto em termos de exercício da profissão quanto de sistemas de saúde, ambas as nações têm muito a ensinar aos estudantes da PUCRS. 

Os Estados Unidos são conhecidos pela adoção de tecnologias médicas avançadas, o que proporciona aos alunos um aprendizado sobre o impacto dessas inovações na prática clínica. Além disso, o sistema de saúde americano enfatiza a importância da abordagem no paciente, envolvendo-o na tomada de decisões e promovendo a medicina personalizada. Isso ensina aos estudantes sobre a importância da comunicação efetiva e do respeito às preferências e necessidades individuais dos pacientes. Há ainda o fato de que os EUA são líderes em pesquisa médica e desenvolvimento de tratamentos inovadores. “Os estudantes podem aprender sobre a condução de pesquisas clínicas de alta qualidade e como aplicar descobertas científicas na prática médica”, diz o decano. 

Moçambique representa um aprendizado relacionado a desafios. 

“O país enfrenta desafios relacionados a recursos limitados, infraestrutura e acesso a cuidados de saúde. Os estudantes podem aprender sobre como os profissionais médicos lidam com essas limitações e desenvolvem soluções criativas para fornecer cuidados adequados em ambientes com recursos limitados”, explica Leonardo. 

Outro aspecto importante é a valorização da medicina comunitária no país e a importância dada ao atendimento das necessidades de saúde da população local. Medicina preventiva, educação em saúde e engajamento comunitário estão entre os fatores que muito podem acrescentar aos estudantes em termos de aprendizagem. Além disso, Moçambique enfrenta desafios relacionados à saúde pública em geral, como doenças infecciosas e acesso limitado a serviços básicos de saúde. Nesse contexto, os estudantes podem aprender sobre estratégias de saúde pública, como vacinação em massa, controle de doenças endêmicas e programas de promoção da saúde. 

Se os estudantes da PUCRS podem aprender com a medicina americana e moçambicana, a recíproca é verdadeira: os alunos destes países também têm muito a aprender com a medicina brasileira. O principal ensinamento, talvez seja relacionado ao nosso sistema de saúde universal, mais conhecido como Sistema Único de Saúde (SUS). Os alunos estrangeiros têm a chance de aprender sobre os desafios da organização e implementação de um serviço de saúde que seja acessível a todos os cidadãos. 

Há outros aspectos que se destacam na medicina do nosso País. O Brasil é lar de uma série de doenças tropicais, como dengue, malária e febre amarela. A chamada medicina tropical, focada no diagnóstico, prevenção, tratamento e gestão dessas enfermidades, constitui importante aprendizado para os estudantes estrangeiros.  

Muitos aspectos da medicina brasileira são exemplo no exterior/ Foto: Divulgação

A integração entre a medicina tradicional e complementar também é uma longa tradição no Brasil – com a união entre a medicina indígena e a medicina popular, por exemplo. O professor explica que os alunos de Moçambique e dos EUA podem aprender ainda sobre a importância, benefícios e limitações da integração dessas práticas com a medicina moderna. 

Outro ramo da medicina que coloca o Brasil em destaque é o da cirurgia plástica. Nosso País é reconhecido internacionalmente por sua expertise em cirurgia plástica e estética. “Alunos e alunas podem aprender sobre as técnicas e abordagens utilizadas nessa área, bem como sobre a ética e os aspectos psicológicos envolvidos”, ressalta o decano. 

Leonardo frisa, por fim, a forte cultura de pesquisa do Brasil:  

O Brasil possui uma comunidade científica ativa e produtiva, com contribuições significativas em várias áreas da medicina. Os estudantes podem aprender sobre a importância da pesquisa científica, como desenvolver projetos de pesquisa e como aplicar os resultados na prática clínica.” 

Internacionalização é apenas um dos diferenciais da PUCRS 

O projeto de internacionalização traz uma série de benefícios para a carreira médica: experiências clínicas diversificadas, aprendizado multicultural, desenvolvimento pessoal e profissional, pesquisa e colaboração internacional e ampliação da rede profissional. Além de tudo isso, a Escola de Medicina da PUCRS possui uma série de outros diferenciais que contribuem para uma formação integral e multidisciplinar de seus estudantes: 

  • Abordagem humanística: a Escola de Medicina da PUCRS enfatiza a importância de uma abordagem humanística no cuidado com os pacientes. Os estudantes são incentivados a desenvolver habilidades de empatia, comunicação efetiva e compreensão das necessidades emocionais dos pacientes. 
  • Medicina baseada em evidências: a PUCRS valoriza a prática baseada em evidências, onde os estudantes aprendem a utilizar as melhores evidências científicas disponíveis para tomar decisões clínicas. Isso ajuda a garantir a prestação de cuidados de qualidade e atualizados aos pacientes. 
  • Integração curricular: a Escola adota uma abordagem de integração curricular, promovendo a interdisciplinaridade e a conexão entre diferentes áreas da medicina. Isso permite que os estudantes vejam a medicina como um todo e compreendam como as diferentes especialidades se relacionam. 
  • Tecnologia e inovação: a Universidade está comprometida em utilizar tecnologia e inovação na prática médica. Os estudantes têm acesso a recursos tecnológicos avançados, como simulações médicas, realidade virtual e telemedicina, que os preparam para lidar com os desafios da medicina moderna. 
  • Estágios e intercâmbios internacionais: A Escola de Medicina oferece oportunidades de estágios e intercâmbios internacionais, permitindo que os estudantes vivenciem diferentes sistemas de saúde, culturas médicas e expandam sua visão global da medicina. 
  • Engajamento em pesquisa: a PUCRS valoriza o engajamento dos estudantes em atividades de pesquisa científica. Os alunos têm a oportunidade de se envolver em projetos de pesquisa nas áreas de interesse e contribuir para a produção de conhecimento médico. 

Augusto Bressanim, aluno da Escola de Medicina, participou do programa de colaboração internacional e visitou Maputo e Los Angeles/ Foto: Arquivo pessoal

Ao final de seis anos de curso, o aluno Augusto Bressanim, que participou do programa e visitou os dois países, afirma que foi a experiência mais transformadora de sua vida acadêmica. Em Moçambique, ele acompanhou o trabalho do Dr. Christopher Buck, pediatra americano que há mais de 10 anos trabalha junto ao governo moçambicano na criação de protocolos e estratégias em saúde pública. 

“Pude notar que o heroico trabalho do Dr. Chris mudou o rumo da vida muitas crianças por todo o país ao longo dos últimos anos. Quando voltei para o Brasil, percebi que a história dele, as crianças que acompanhei e a calorosa recepção por parte dos alunos, residentes e professores me ajudaram a encontrar o meu caminho na medicina: fazer pediatria, ajudar populações carentes e caso algum dia tiver a oportunidade, trabalhar com Global Health também”, conta Augusto. 

Sua estadia em Los Angeles também foi de muito aprendizado e novas amizades, além da honra por ter sido ensinado pela excelente equipe de professores da UCLA. 

“Durante meus quase três meses na UCLA, pude atender crianças de diversas origens, inclusive descendentes de brasileiros. Procurei fazer o meu melhor para contribuir com o andamento dos serviços de pediatria que me receberam e para ajudar os pequenos pacientes que ainda têm um longo futuro pela frente. Voltei com saudade e extremamente grato pelo suporte das pessoas que conheci. Trouxe também um sonho de continuar minha formação médica em território americano.” 

Augusto diz que educação de qualidade sempre foi uma prioridade em sua carreira – por essa razão ele escolheu a PUCRS, onde ele pode trabalhar com pesquisa, publicar artigos, escrever capítulos de livros, ministrar monitorias, realizar trabalho voluntário e participar de estágios internacionais. 

“Hoje vejo que essas valiosas experiências moldaram minha forma de pensar e meu futuro como médico. Atualmente sigo estudando com o objetivo de revalidar meu diploma e fazer residência médica em pediatria nos EUA e assim, continuar contribuindo com essa importante ponte que existe entre a PUCRS, UCLA e Moçambique”, conclui. 

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