15/07/2022 - 11h40

Educação e Biopolítica em pauta durante missão em Portugal

Professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida José Luís Ferraro esteve nas Universidades do Porto e de Coimbra

Professor José Luís Ferraro na Universidade do Porto / Foto: Arquivo pessoal

O professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e pesquisador dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Educação em Ciências e Matemática José Luís Ferraro esteve em missão em Portugal, onde apresentou os resultados de suas pesquisas na Universidade do Porto e na Universidade de Coimbra. 

Nos dias 7, 8 e 9 de julho ocorreu na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto o I Congresso Internacional Escola, Identidade e Diferença. Ao reunir pesquisadores da área da Educação, a primeira edição do evento contou com a presença de Ferraro. Na ocasião, o pesquisador apresentou os resultados de suas pesquisas que envolvem a problematização em torno do corpo e da corporeidade na Educação em Ciências. 

Para o pesquisador, repensar a experiência do corpo no interior da Educação em Ciências implica o reposicionamento dos professores destas disciplinas em relação à própria epistemologia biológica. Como desdobramento disto, opera-se uma decolonização que abre possibilidades para a valorização de corpos heterotópicos, contra-hegemônicos – silenciados por um ensino tradicional da biologia como uma ciência normal que insiste em assentar suas bases no positivismo científico. A proposta do pesquisador vai na direção da valorização da diversidade corporal e das possibilidades que professores de ciências e biologia na educação básica têm de problematizar uma diversidade real que visibilize e valorize os corpos dissidentes; seja ela por meio da relação com o gênero e com a sexualidade, seja colocando a biologia a serviço de práticas inclusivas na escola, mitigando falta de reconhecimento que crianças e jovens desenvolvem em relação aos seus corpos quando comparados a um modelo corporal utópico, padronizado. 

Nestes termos, a proposição de uma biologia da queer como biologia da diferença – inspirada na filosofia da diferença do filósofo francês Gilles Deleuze – surge como alternativa biopolítica para que a corporeidade e a diversidade corporal sejam repensadas no interior do campo da Educação em Ciências nas escolas sem o peso do determinismo que marca a tradição biológica moderna. 

Na sequência, entre os dias 11 e 12 de julho, o pesquisador participou do 2º Seminário Luso-Brasileiro de Direito Público na Universidade de Coimbra, momento em que pautou sua fala na perspectiva dos direitos fundamentais. Nesta ocasião, apresentou a pesquisa que vem sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação e no Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUCRS, sobre a militarização do cotidiano, mais especificamente sobre a implantação do Projeto Nacional das Escolas Cívico Militares no Brasil como afronta à educação como direito fundamental. 

O pesquisador abordou elementos que evidenciam a inconstitucionalidade do projeto, bem como abordou elementos biopolíticos que caracterizam a gestão dos “indesejáveis” nas escolas cívico militares por meio de uma política de exceção, de extorsão e de bloqueio, reproduzida no microcosmos das escolas brasileiras. 

Com foco na expansão de ações de internacionalização dos PPGs em que atua, José Luís Ferraro ainda cumpriu agenda na Faculdade de Filosofia da Universidade de Barcelona, Espanha, onde foi recebido pelo Prof. Dr. Antonio Castilla Cerezo; momento em que discutiram possibilidades de pesquisa na interface entre educação e filosofia relacionado ao campo dos estudos foucaultianos e deleuzianos. 

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