18/03/2024 - 10h03

Artigo reúne 173 cientistas e alerta sobre a importância da conservação de estações de pesquisa de campo

Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata, em São Francisco de Paula, se destaca entre iniciativas de 56 países representados

Professor Júlio César Bicca-Marques, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, integra pesquisa internacional sobre a importância da conservação de estações de pesquisa de campo / Foto: Matheus Gomes

O professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Júlio César Bicca-Marques integrou o artigo internacional Tropical field stations yield high conservation return on investment (Estações de campo tropicais geram alto retorno sobre o investimento em conservação) ao lado de outros 172 pesquisadores que representam 157 estações de campo em 56 países. Publicado na revista Conservation Letters, os autores defendem que as estações de pesquisa de campo têm um alto retorno sobre o investimento e são ferramentas essenciais e altamente eficazes para a conservação da biodiversidade. 

O estudo consiste em uma pesquisa concentrada em estações de campo em países principalmente tropicais e subtropicais, para entender o impacto da pandemia sobre o financiamento e avaliar os benefícios de conservação das estações de campo. As descobertas incluem a melhoria da qualidade do habitat das áreas circundantes, reduzindo o desmatamento nas proximidades, reduzindo as taxas de caça e melhorando a aplicação das leis relativas ao uso da vida selvagem e à extração de recursos. Além disso, 93% contratam moradores locais, apoiando a economia local, além de gerar resultados científicos significativos que informam as políticas de conservação. 

Importância do investimento 

Trilhões de dólares americanos foram mobilizados para a recuperação econômica após a pandemia, mas os autores levantam a preocupação de que os recursos para lidar com a perda de biodiversidade e as crises climáticas sejam limitados em um momento em que são mais urgentemente necessários. A pandemia fez com que aproximadamente metade das estações de campo pesquisadas fechasse parcialmente, e cerca de 25% permaneceram parcial ou totalmente fechados, com a maioria das estações de campo sofrendo uma redução total no financiamento. 

“Um desafio fundamental é que os governos e outras agências de financiamento não estão levando em conta o verdadeiro retorno sobre o investimento em conservação e não percebem o papel econômico fundamental dos serviços de ecossistema que estão sendo protegidos por essas estações de campo”, diz Timothy Eppley, principal autor do artigo, Diretor de Conservação da Wildlife Madagascar e ex-bolsista de pesquisa de pós-doutorado da San Diego Zoo Wildlife Alliance. 

Eppley e os coautores sugerem que o trabalho das estações de pesquisa de campo geralmente é interdisciplinar. Além disso, alguns dos benefícios diretos e indiretos da pesquisa, da educação e do envolvimento público que ocorrem nas estações de campo têm objetivos de longo prazo que os modelos atuais de análise de custo-benefício não captam. 

Atuação da PUCRS é destaque 

“No contexto da realidade que identificamos nas estações de pesquisa de campo ao redor do mundo, o investimento de longo-prazo da PUCRS no Pró-Mata se destaca e orgulha a comunidade científica e conservacionista gaúcha”, comenta Bicca-Marques. 

Além de conter uma importante Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN), área de proteção ambiental do Sistema Nacional de Unidades de Conservação que contribui com a conservação da biodiversidade e a mitigação da emergência climática em sua área, o Pró-Mata é um excelente local para pesquisas científicas. “Sua recente integração ao rol de sítios de estudo do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa-Duração (PELD) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ilustra a sua importância para a ciência e a conservação da natureza”, comenta o professor, coautor do artigo. 

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