Prêmio Mulher 2023 reconhece trajetória de professora da PUCRS

Patrícia Krieger Grossi atua na Universidade desde 2000, onde se dedica à pesquisa e docência

30/06/2023 - 13h32

Patrícia Grossi recebeu o Prêmio Mulher 2023. / Foto: Divulgação

A professora Patrícia Krieger Grossi recebeu recentemente o Prêmio Mulher/RS 2023, premiação dedicada a homenagear mulheres que fazem a diferença por meio de suas profissões no Rio Grande do Sul. Desde 2000 Patrícia é docente na Universidade, onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência (NEPEVI) e Grupo de Estudos da Paz (GEPAZ), ambos vinculados ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Violência, Ética e Direitos Humanos (NEPEVEDH) que se dedica a abordar as diversas formas de violência que diferentes grupos minoritários sofrem e também políticas públicas voltadas para as populações mais vulneráveis. O prêmio é um reconhecimento de anos de trabalho dedicados à pesquisa, ensino e extensão em prol da comunidade. 

“Sinto-me honrada em receber o Prêmio Mulher RS 2023 pelo reconhecimento do trabalho que venho realizando na PUCRS como docente e pesquisadora desde 2000 no âmbito do ensino, pesquisa e extensão e em prol da comunidade. Esse prêmio reconhece a magnitude das pesquisas que tenho desenvolvido e a contribuição na formação de estudantes em diferentes níveis de formação, desde a iniciação científica até o pós-doutorado.” 

Formada em Serviço Social , Patrícia acredita que um de seus maiores aprendizados na área de Serviço Social foi entender que o ato de pesquisar não é isolado. Ela explica que a pesquisa é um processo coletivo, que envolve diálogo, abertura para o novo, superação de desafios, engajamento, participação, troca de saberes interdisciplinares, trabalho em equipe, inovação e rigor científico.  

“Aprendi com as comunidades que todos os saberes são válidos e que o conhecimento é da comunidade, sendo que os pesquisadores sistematizam esse conhecimento e dão visibilidade às realidades sociais perversas, muitas vezes negligenciadas pelos gestores públicos. A pesquisa não pode ser extrativista, utilitária e sim, servir aos interesses da comunidade.” 

A violência é um dos temas que professora Patrícia pesquisa. Os trabalhos relacionados a essa temática levaram a docente a ser convidada para compor a Rede de Pesquisadoras, Núcleos e Universidades de Pesquisa e Incidência em Políticas para as Mulheres. A iniciativa é do Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Rio Grande do Sul e busca fiscalizar e monitorar as políticas públicas para as mulheres no Estado. O projeto tem como foco reunir pessoas e instituições que contribuam na elaboração metodológica, coleta e análise dos dados para mapear as políticas públicas existentes para as mulheres e a efetividade das mesmas.    

Pesquisa a serviço da comunidade  

Além de pesquisar sobre violência de gênero e políticas públicas, Patrícia é multidisciplinar e também estuda sobre: as interseccionalidades de gênero, raça/etnia, classe social, gerações, violência contra idosos, violência nas escolas, bullying, práticas restaurativas e cultura de paz. Ela destaca que busca com suas pesquisas ajudar a sociedade de alguma forma e, na PUCRS, a docente coordena o GEPAZ, no qual junto de outros pesquisadores/as se dedica a estudar sobre a paz. O grupo tem como objetivo macro gerar com suas pesquisas, resultados em três dimensões básicas: a acadêmica, a institucional e a comunitária. 

Patrícia Grossi visitando a York University, no Canadá. Foto: Arquivo pessoal

Especialista em Gerontologia Social, a docente se dedica a estudar sobre o envelhecimento. Considerando que o número de pessoas com idade superior a 60 anos tem crescido no Brasil e também em Porto Alegre, onde 15% da população é idosa, Patrícia acredita que precisamos cada vez mais olhar para os mais velhos e entender suas necessidades. 

“A sociedade brasileira está envelhecendo e não estamos preparados para atender as demandas decorrentes do envelhecimento, como uma rede de proteção social eficaz e políticas públicas capazes de garantir uma qualidade de vida e bem-estar na velhice, principalmente para pessoas idosas que dependem de cuidados. Com isso, pesquisas sobre o envelhecimento populacional tendem a ser uma demanda crescente e urgente, pois precisamos criar mecanismos para promover a saúde das pessoas idosas e olhar para a saúde em um sentido mais amplo, enfocando nos determinantes em saúde como trabalho, condições de moradia, renda, território, gênero, raça, estilo de vida, relações familiares, sociais e comunitárias, enfim compreender o modo e condições de vida da pessoa idosa.” 

Patrícia também produz pesquisas sobre comunidades quilombolas e como se dão relações étnico/raciais de grupos historicamente desfavorecidos. A docente busca evidenciar os problemas enfrentados por mulheres quilombolas e sua pesquisa ocorre em cooperação com a York University, do Canadá, e parceria da Divisão de Equidade em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Federação das Comunidades Quilombolas do RS, Emater, Grupo de Ações Afirmativas para Afrodescendentes e Instituto de Assessoria a Comunidades Remanescentes de Quilombos. 

“Se considerarmos as interseccionalidades de gênero, raça e idade, as mulheres idosas quilombolas ainda se encontram em situação de maior vulnerabilidade social. As condições de vida são mais precarizadas, pois ainda lutam pelo direito à terra, direito primordial para que possam ter acesso aos demais direitos e políticas públicas.” 

Cooperação nacional e internacional  

Da esquerda para direita, Simone Bohn, Mojgan Madidi e Patrícia Grossi na York University. / Foto: Arquivo pessoal

Patrícia Grossi faz parte ainda do comitê científico da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do RS (FAPERGS), onde realiza a análise de relatórios de projetos de pesquisa, verifica projetos submetidos para financiamento, confere os auxílios para eventos entre outras atividades. Para ela, fazer parte de um comitê científico como o da FAPERGS é uma experiência gratificante e enriquecedora. 

“Aprendemos muito trabalhando em prol do desenvolvimento científico e tecnológico do Estado do RS através da seleção e aprovação de projetos de natureza científica e tecnológica de alto impacto. Também presto assessoria a outras agências de fomento a pesquisas do Brasil como a FAPECE (Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará), FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais), CNPq, entre outras”.   

A pesquisadora também atua como membro da Instância de Ciências Humanas e Sociais da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (ICHS/Conep), vinculada ao Ministério da Saúde, representando os CEPs do Brasil.  A área foi instituída em dezembro de 2016, e é composta por membros das ICHS, Conep, representantes das associações científicas nacionais de Ciências Humanas (CHS) e membros dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) de CHS e usuários.  

“Estou atuando na Instância desde sua formação em dezembro de 2016, quando meu nome foi indicado pelo CEP da PUCRS. A seleção se deu através de análise de mais de 800 currículos de representantes de CEPs de todo o país. Além das reuniões bimestrais presenciais em Brasília, temos reuniões online de trabalho e assessoramos pesquisadores da área das Ciências Humanas e Sociais de todo o país em relação a dúvidas na tramitação de projetos na Plataforma Brasil”, explica.  

No âmbito internacional, Patrícia possui uma parceria acadêmica com a professora doutora Simone Bohn, do departamento de Ciência Política da York University desde 2015. Juntas, desenvolveram seu primeiro projeto: “Brazilian Quilombola Women and the access to citizenship rights: challenging to social policies”. A pesquisa acabou resultando em artigos, capítulos de livros, trabalhos apresentados em seminários nacionais e internacionais, um app quilombola, cartilha Mulheres Quilombolas e Acesso aos Direitos de Cidadania e um livro “Mulheres Quilombolas, Interseccionalidades e Políticas Públicas”, disponíveis para download gratuito no site da editora Faith (2021).  

As pesquisadoras têm três projetos em parceria aprovados e em andamento, e recentemente Patrícia participou de uma missão de trabalho no Canadá. A docente foi ao país para se reunir com a equipe interdisciplinar da York University e assim organizar e planejar as próximas etapas dos estudos. A partir dos resultados, serão produzidos mapas interativos e os produtos cartográficos que irão servir de subsídio para os gestores públicos na identificação das lacunas de atendimento à saúde quilombola no Rio Grande do Sul. 

Saiba mais sobre a pesquisadora 

Patrícia é graduada em Serviço Social pela PUCRS em (1987), onde também realizou seu mestrado em Serviço Social (1994). Posteriormente, a pesquisadora se tornou PhD em Serviço Social pela  University of Toronto em 1999. Três anos depois, em 2005, se especializou em Gerontol23gia Social pela PUCRS e em 2010 concluiu seu Pós-doutorado na Universidade de Toronto com auxílio do Faculty Research Program da Embaixada Canadense. Atualmente, atua como professora no Programa de Pós-graduação em Gerontologia Biomédica e Serviço Social. 

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