O levantamento foi divulgado na quarta-feira durante o 1º Encontro de Empreendedorismo
A PUCRS e o Geração E, com apoio do Jornal do Comércio, Sebrae RS e a Federação das Associações de Jovens Empresários (Fajers) divulgaram a Pesquisa Empreendedores na noite de quarta-feira, dia 24 de maio, durante um painel no Ideação, o 1° Encontro de Empreendedorismo da Universidade. O estudo inédito buscou compreender o perfil do empreendedor gaúcho, o que o leva a abrir seu próprio negócio e as vantagens e problemas enfrentados no processo.
O perfil do empreendedor identificado pela pesquisa é o de alguém interessado em ter seu próprio negócio, que não tem medo de arriscar, que está reformulando sua trajetória pessoal e profissional, buscando independência e que pretende incorporar a inovação na sua ideia de negócio. Foram entrevistadas 1.732 pessoas do Rio Grande do Sul, durante o mês de dezembro de 2016, através de questionário online. A partir dessa amostragem a pesquisa obtém um erro amostral de 2,3% em um nível de confiança de 95%.
Entre os participantes, 58% já possuem um empreendimento próprio, o que possibilitou traçar um perfil qualificado do segmento no Estado. Entre todos os entrevistados, os que possuíam ou não um negócio próprio, 63% demonstraram interesse em empreender. Esse dado aponta uma tendência empreendedora crescente no Estado. Além disso, a pesquisa aponta ainda que a maioria dos empreendedores são jovens entre 18 e 29 anos (75,9%), mas a busca também é grande entre universitários (68,4%) – eles estão mais bem informados e valorizam as redes sociais como forma de contato ligado ao empreendedorismo.
Ainda é comum buscarem informações por conta própria sobre o assunto, mas há uma demanda grande por cursos específicos. Esse perfil irá orientar a criação das marcas no futuro, que possivelmente estarão mais alinhadas com as ideias de inovação, sustentabilidade e geração de empregos.
O palestrante do encontro e coordenador do curso de Administração da PUCRS com ênfase em Empreendedorismo e Inovação, Lucas Roldan, alertou que um dos fatores cruciais para empreender é conversar com pessoas de outras áreas. “Quando se tem contato com pessoas de outras áreas, os conhecimentos são agregados. Por exemplo, se um aluno de Administração tiver conhecimento de pesquisas de Odontologia ou de Medicina, ele pode detectar déficits nesses mercados ou descobertas, e a partir da necessidade, criar algo novo”, explica.
O perfil do empreendedor
Segundo os entrevistados, empreender é transformar uma ideia em negócio (52%) ou agir de forma inovadora sem, necessariamente, ter um negócio próprio (45%). Para isso, as principais características do empreendedor citadas na pesquisa são alta capacidade de planejamento (38,8%), seguido de persistência (30,9%). Entre as principais motivações para empreender estão a busca um trabalho motivador e estimulante (46,3%), além do desejo ascensão financeira e independência econômica (35,7%).
Para o jornalista e editor do Caderno GeraçãoE, do Jornal do Comércio, Mauro Belo Schneider, um dos mediadores do painel, o traço mais marcante em um empreendedor é a sua capacidade de enxergar o poder da conexão. “Hoje já não se fala mais em concorrência, mas em colaboração. O empreendedor que não tem medo de entrar em contato com empresários de grandes cargos de empresas em Porto Alegre e até mesmo do mundo, são os que se destacam mais como empreendedores”, defende.
Apesar do atual contexto do País, apenas 3% dos entrevistados decidiram empreender por necessidade, ou seja, por estar insatisfeitos com o trabalho atual ou ter perdido o emprego. A maioria (85%), viu oportunidade para a abertura do próprio negócio acontecer devido a brechas disponíveis no mercado, seguido de um acúmulo de experiência na atividade exercida (83%).
Um ponto analisado na pesquisa é a diminuição da diferença de gênero no meio empreendedor. Os homens ainda são maioria (62%) em relação às mulheres (53,7%), porém os índices mostram uma tendência ao equilíbrio nos próximos anos.
A dificuldade de empreender no Brasil
Os entrevistados que têm experiência com negócio próprio ou estão no processo de abrir (56,1%) relataram que a maior dificuldade encontrada é a alta carga tributária, seguido de processos burocráticos em excesso (45,8%), alta taxa de juros (35,9), dificuldade de acesso ao crédito (26,7%) e falta de acesso a informação (10,3%). Apesar das dificuldades vivenciadas pelos empreendedores, a pesquisa conclui que essa é uma atividade tida como positiva pelos empresários gaúchos, que buscam a realização de um sonho e mais liberdade financeira.
Durante o painel do evento, o professor Lucas Roldan, explicou que existem obstáculos governamentais e de financiamento para o empreendedor. Mesmo com toda a dificuldade enfrentada no País, Roldan incentivou a plateia a empreender: “o caminho é se preparar, estudar, correr atrás e pensar em algo que diferencie o teu negócio da concorrência”.