Pesquisador de pós-doutorado Guilherme Oliveira foi reconhecido pelo estudo desenvolvido sobre o papel do intelectual como educador social
O pós-doutorando é professor de filosofia do Miami Dade College, na Flórida, nos Estados Unidos / Foto: arquivo pessoal
Guilherme Magalhães Oliveira, pesquisador de Pós-Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação de Educação da PUCRS (PPGEDU) e professor de filosofia do Miami Dade College, da Flórida, nos Estados Unidos, participou do evento Truth in the Late Foucault. O evento aconteceu na University of South Carolina (UofSC), nos Estados Unidos, e foi organizado pelo Programa de Literatura Comparada da Universidade, sob a coordenação do professor Paul Allen Miller, renomado pesquisador no campo dos estudos foucaultianos nos EUA.
Oliveira recebeu o destaque pelo seu trabalho desenvolvido junto à Linha de Teorias e Culturas em Educação, do PPGEDU, onde é supervisionado pelo professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e da Escola de Humanidades, José Luis Ferraro. Na pesquisa, o pós-doutorando apresenta as relações entre a prática da crítica na educação e nas ciências para entender os processos de governamentalização em voga nas sociedades ditas liberais, segundo o pensamento de Michel Foucault e outros autores.
Esta pesquisa também foi convidada a ser submetida em um dos periódicos do Departamento de Literatura Comparada da UofSC. “Minha participação neste evento tradicional foi fundamental para estabelecer conexões entre pesquisadores do campo educacional que estudam Foucault a fim de constituir uma rede de interessados em desenvolver atividades conjuntas”, destacou Oliveira.
A pesquisa realizada por Guilherme Oliveira busca entender o papel do intelectual como educador social e como suas produções científicas e sua palavra pública estão carregados de um forte apelo de subjetivação dos cidadãos. O docente explica que os efeitos sociais desse poder formativo fica ainda mais evidente quando intelectuais e especialistas são convocados a participar das mídias de grande circulação, como jornais, revistas, televisão, eventos culturais. Nesses cenários, os especialistas conseguem formar o entendimento da população acerca da atualidade, constituindo-se como uma forma não-institucional dos processos de governo das condutas.
“Trata-se, por exemplo, de entender o papel dos especialistas na condução dos debates políticos, sociais e éticos que permeiam a abordagem de uma pandemia e como o jogo discursivo da expertise tem a tendência de modificar e criar tensões entre diretrizes institucionais e a vontade da população em relação aos acontecimentos”, complementa o pesquisador.
A principal reflexão proposta pela pesquisa de Oliveira é compreender os efeitos de verdade e de poder das práticas educacionais para além das instituições educativas. Desta forma, seu trabalho chama a atenção para certos jogos de poder levados a cabo pela expertise social quando extrapola seu campo de especialidade e dispõe-se a funcionar como artes de direção da consciência distantes daquelas politicamente atribuídas às instituições pedagógicas e as instituições políticas, mas igualmente efetivas na formação da sociedade.
O pesquisador explica que busca evidenciar a educação como prática e forma de pensamento, simultaneamente, crítica e governamentalizadora. Com este trabalho, Oliveira tratou de perspectivar e qualificar a atuação e os efeitos da expertise na opinião pública, demonstrando que, a priori, não há nada vantajoso ou desvantajoso na sua atuação.
“Com isto, busquei chamar a atenção para uma abordagem analítico-crítica da função social do conhecimento, a fim de gerar numerosos debates e formas de intervir na conduta humana sem recair em alarmismos, notícias falsas ou tendências extremistas/autoritárias do amplo espectro político”, destaca.
