Estudo identificou como pessoas de 18 a 34 anos veem o hoje e o futuro do País
Por: Jéssica Mello
O interesse do jovem na política foi um dos temas abordados durante a pesquisa O Jovem Brasileiro e o Futuro do País, realizada pelo Núcleo de Tendências e Pesquisa da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS (Famecos). Entre os entrevistados de 18 a 34 anos, 47,4% têm política como interesse na hora da busca de informação e 70,24% procuram se informar diariamente. A faixa de 25 a 34 anos está mais interessada em conteúdos voltados ao assunto. O material é mais uma edição do Projeto 18/34, conduzido por alunos atuantes no núcleo do Espaço Experiência. Para o coordenador do projeto, professor Ilton Teitelbaum, esse despertar para a política pode ser justificado tanto pela crise política quanto pela econômica, que afeta 73,77% dos respondentes. “2013 foi um ano muito importante nesse sentido, que acabou desencadeando, junto com todo o contexto de crise e de uma sociedade muito digitalizada, quase que uma necessidade de se manter por dentro do assunto”, acredita Teitelbaum.
Mais de 60% dos entrevistados disse estar engajado ou já ter se engajado em causas sociais, mas 85,82% acreditam que os outros falam mais do que fazem ao usar o engajamento como forma de autopromoção. Para construir sua posição política, por mais que se informe diariamente através de meios digitais, como redes sociais (84,5%) e sites e blogs Informativos (82,8%), eles levam em conta principalmente sua experiência de vida (70,22%) na hora da decisão. A tendência à esquerda política soma 46,59% da amostra, enquanto a preferência pela direita chega a 15,76%. O coordenador do projeto identificou maior envolvimento virtual com as causas, do que nas ruas.
Quando indagados sobre a solução dos problemas do Brasil, 52,71% dos participantes da pesquisa acreditam que a responsabilidade é da população. Por outro lado, apesar de acreditar na construção de um futuro de forma coletiva, o jovem demonstra confiar apenas em si. “Isso talvez seja uma das grandes dificuldades que estamos vivendo, a falta de confiança no outro. Só há um caminho para ir para frente: as pessoas mais jovens escutarem as mais velhas e as mais velhas escutarem as mais jovens, e quem defende um lado aprenda a ouvir o outro”, disse Teitelbaum.
Ao mesmo tempo que o público participante se mostrou preocupado com as questões políticas, o estudo revelou que há pouco orgulho desse grupo pelo País. Dessa forma, 36,55% não se veem no Brasil daqui a 10 anos. O grupo responsável pela pesquisa, formado por sete alunos de Publicidade e Propaganda e um de Relações Públicas, acredita que um dos motivos para esse alto índice é o atual momento do País, visto que 79,41% dos jovens consideram-no razoavelmente ou totalmente negativo. No entanto, fatores básicos como sistema de educação (61,12%), segurança (48,18%) e sistema de saúde (36,06%) foram considerados deficientes. “O jovem se orgulha muito do brasileiro, mas as questões de estruturas básicas e o sistema político são muito criticados”. Ainda para os próximos 10 anos, segundo os resultados, o jovem busca estabilidade (83,53%), espera estar empregado (63,18%) e em um compromisso/relacionamento (85,35%). Porém, o empreendedorismo está muito presente, não apenas para abertura de um negócio próprio, mas também como atitude em uma estrutura empresarial já consolidada. Pouco mais de 48% se veem empreendendo e 88% poupando, possíveis sinais de aprendizado com a crise econômica. O que surpreende é a parcela de entrevistados que não desejam ter filhos (49,76%).
A pesquisa teve início em dezembro de 2015 com a busca de dados disponíveis e a Etapa Qualitativa. Sua etapa final e quantitativa foi realizada durante o primeiro semestre de 2016, quando 1,7 mil pessoas de todas as regiões brasileiras, com idade entre 18 a 34 anos, responderam aos questionamentos. Cerca de 25% dos jovens entrevistados se declararam como os primeiros universitários da família. O item Sexualidade traz mais uma quebra da visão tradicional, pois há um indício de liberdade sexual na parcela de 9,35% dos jovens que se declaram Bissexuais e nos 2,41% que revelam não ter interesse por gênero algum. Mais de 23% declararam ter fé, mas não acreditam em nenhuma instituição religiosa.
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