Teólogo e pesquisador da Universidade, Frei Susin completa 40 anos de sacerdócio em 2016
Por: Bianca Garrido
Em busca da cultura da paz e do pluralismo religioso e cultural. Esse é o Frei Luiz Carlos Susin, professor de graduação e pós-graduação no curso de Teologia da Escola de Humanidades da PUCRS, e que, neste ano, completa 40 anos de sacerdócio. Conhecido por ser um dos expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, Susin atua como secretário executivo do Fórum de Teologia e Libertação, é editor da Revista Concilium, que circula em sete idiomas, e orienta alunos de iniciação científica, mestrado e do recente Doutorado em Teologia na Universidade.
Identidade cristã, pluralismo religioso, a complexidade e a formação da identidade na relação com os diferentes. Esses têm sido os temas trabalhados por Susin em pesquisas realizadas na PUCRS, e que focam principalmente na importância da hospitalidade entre as religiões. “Trabalho com a hipótese de que a religião não comporta a hostilidade, e que a hospitalidade deve se apresentar como um contraponto, sendo a alma da religião”. Antes do diálogo inter-religioso, entende, as religiões devem buscar o respeito e, por tratarem do sagrado, precisam respeitar e reconhecer o outro e suas experiências sagradas. “Padrões teóricos de ética que irão resolver a convivência humana, mas algo mais simples e cotidiano: o respeito por aquilo que cada um considera sagrado”.
Outra questão abordada é o sacrifício nas religiões. “Flagrei na televisão, certa vez, uma frase assim: seja um dos mil que irão fazer um sacrifício de mil reais”. Segundo ele, a frase diz muito sobre o mundo religioso atual, sem deixar de citar o mundo econômico. Além disso, acredita, “todo sacrifício tem uma dose de violência, mas, ao ser sacralizado, não se vê somente pelo lado da violência, mas também pela questão do heroísmo”.
Logo após o atentado à Revista Charlie Hebdo, em janeiro de 2015 em Paris, o teólogo Leonardo Boff declarou em seu site que os principais conflitos do novo milênio têm grande influência religiosa. Para Susin, que tem a mesma opinião de Boff, as sociedades devem ser pluralistas e laicas.
O Papa Francisco, explica, é um exemplo que deve ser seguido: “Ele tem conseguido suportar certas tensões dentro da Igreja Católica, com sabedoria”. No último documento sobre a família, por exemplo, Francisco colocou o discernimento em questão, já que não impõe uma lei, mas sugere o respeito às diferenças. “Devemos torcer para que ele fique o máximo de tempo possível como o líder da Igreja Católica”, disse.
Para o futuro, pretende seguir com outros estudos em andamento, abordando a alma da religião. “Ela não tem fronteira, nem limites, nem medidas. Ela é a alma da cultura, segundo Weber, e tem uma função social, de transformação”.
Outro desejo de Susin é continuar ativo na docência. “Estar em sala de aula é o que alimenta um professor” confessa. Perguntado sobre as qualidades que um bolsista precisa ter, por exemplo, para trabalhar com ele, respondeu: “Uma certa identidade com o meu projeto, um entusiasmo pelo tema e principalmente muita paixão pela pesquisa”.