Delfos, doutorando e diplomado conquistam Prêmio Açorianos de Literatura

Entrega dos troféus foi realizada dia 23, no Teatro Renascença, durante a Noite do Livro

27/03/2018 - 11h37
Foto: Eduardo Beleske/PMPA

Foto: Eduardo Beleske/PMPA

A Noite do Livro, celebrada em Porto Alegre na sexta-feira, 23, agraciou o Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS, o doutorando do Programa de Pós-Graduação em LetrasGustavo Melo Czekster, e o diplomado do curso de Criação Literária, Samir Machado de Machado, com o Prêmio Açorianos de Literatura 2017. O trabalho de registro e conservação de acervos de escritores, cineastas, jornalistas e coleções da cultura do Rio Grande do Sul, bem como promoção de atividades relacionadas à literatura, rendeu o prêmio de Relevância Cultural ao Delfos. Já Czekster e Machado de Machado conquistaram os troféus nas categorias Contos e Narrativa Longa, respectivamente. Em sua 24ª edição, a cerimônia de entrega foi realizada no Teatro Renascença, organizada pela Coordenação do Livro e Literatura da Secretaria Municipal de Cultura.

Prêmio por aclamação

O diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, professor Ricardo Barberena, destaca que “o prêmio foi concedido ao Delfos por aclamação, uma homenagem como instituição, por sua capacidade de traduzir a cultura no Rio Grande do Sul, especialmente no campo da literatura. Ele faz justiça a um longo trabalho promovido há quase dez anos por muitas pessoas, tendo em vista a preservação e a divulgação cultural no Estado”, ressalta. O docente, que também atua como coordenador executivo do Delfos, lembra que o local reúne os três elementos do sistema literário: o autor, a obra e o leitor. “Uma prática permanente é a atração de grandes nomes da literatura contemporânea, brasileiros e internacionais, o que garante o fluxo de um público heterogêneo e plural ao nosso espaço”, afirma.

2018_03_26_premio_acorianos_delfos(907x605)(bruno_todeschini)Delfos recebe grandes expoentes da literatura

Barberena acrescenta que “hoje existem mais de 50 acervos abrigados, com acesso a pesquisadores. Também recebemos mais de 50 escritores em palestras, cursos, conferências e saraus literários. Uma das principais características dos eventos que promovemos é o fato de serem abertos à comunidade, contando sempre com a presença de estudantes de Graduação, Pós-Graduação e visitantes interessados na literatura”, recorda. De acordo com o docente, o Prêmio Açorianos também representa um reposicionamento na área da cultura, no qual a PUCRS pretende atuar como novo polo na Capital.

Promoção e memória da cultura

Inaugurado em 4 de dezembro de 2008, o Delfos tem o objetivo de promover a cultura e preservar a memória ligadas à cultura gaúcha ou a escritores por meio da conservação de documentos doados ao espaço e de realização de atividades culturais. No espaço localizado no 7º andar da Biblioteca Central Ir. José Otão, é possível encontrar documentos e raridades referentes às áreas de Letras, Artes Jornalismo, Cinema, História e Arquitetura, que são preservados, acondicionados e disponibilizados a pesquisadores cadastrados. Seu acervo é composto por documentos ligados à cultura gaúcha ou a escritores, entidades ou autoridades representativas para o Rio Grande do Sul.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Não há amanhã

Gustavo Melo Czekster, 41 anos, é doutorando em Escrita Criativa pela Escola de Humanidades da PUCRS, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUCRS e mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O escritor foi o vencedor da categoria Contos por Não há amanhã, obra com 30 narrativas que oscilam em torno da busca de um sentido. No livro, o autor trata da dúvida sobre o que anima o ser humano e dá coesão para seguir em frente. Através de narrativas nas quais o fantástico surge por entre as dobras e fissuras do cotidiano, mostra o quão próximo se estaria do delírio, da instabilidade, do medo de descobrir que a existência seria um abismo profundo.

Para Czekster, a conquista é, na verdade, um reconhecimento aos leitores, que interagem de várias formas com a história. “Um livro não existe sem leitores, e acredito que o Não há amanhã está cumprindo bem a missão que lhe era destinada: despertar dúvidas e inquietações, fazendo com que os leitores entrem nas engrenagens das suas histórias e, ao mesmo tempo em que se divirtam, também questionem a realidade que os cerca”, afirma o vencedor da categoria Contos.

Foto: Divulgação/Editora Rocco

Foto: Divulgação/Editora Rocco

Homens Elegantes

Samir Machado de Machado, 37 anos, diplomado nos cursos de Criação Literária e Publicidade e Propaganda pela PUCRS, conquistou a categoria Narrativa Longa pela obra Homens Elegantes. O fundador da Não Editora já havia sido indicado duas vezes, por O Professor de Botânica e Quatro Soldados, e foi vencedor por três vezes em categorias não-literárias, por melhor capa. “A importância para mim é que esse é o primeiro prêmio literário que ganho por meu trabalho como escritor, exatos dez anos após eu iniciar minha carreira ao ter criado a Não Editora entre, 2007 e 2018, e ele ainda vem da minha cidade natal”, afirma Machado.

Na trama, um soldado brasileiro é enviado a Londres com a missão de investigar uma rede de contrabando de livros eróticos para o Brasil, em 1760, e se deslumbra com os luxos e excessos da alta sociedade europeia. O texto foi destacado pelo incrível detalhamento dos costumes da época, e seu equilíbrio com o enredo de espionagem, que faz dele uma narrativa de ritmo vertiginoso.

Sete indicações

Na atual edição do Prêmio Açorianos a Universidade teve sete indicações de escritores, sendo que na categoria Narrativa longa, todos os concorrentes eram estudantes ou diplomados PUCRS. Confira a lista dos indicados e os títulos das obras:

Narrativa longa

Alexandra Lopes da Cunha (Doutoranda PPGL), por Demorei a gostar da Elis

Cristiano Baldi (Doutorando PPGL e professor de Letras e Escrita Criativa), por Correr com rinocerontes

Samir Machado de Machado (Alumni de Criação Literária), por Homens elegantes

Contos

Gustavo Melo Czekster (Doutorando PPGL), por Não há amanhã

Crônica

Tiago Germano (Doutorando PPGL), por Demônios domésticos

Infanto-juvenil

Marcelo Spalding (pós-Doutorando PPGL), por Liga de literatura: imaginação sem fim

Ensaio de literatura e humanidades

Renata Lisbôa (Doutora pelo PPGL), por Psicanálise, criatividade e o indizível da experiência de Manuel de Barros

Foto: Eduardo Beleske/PMPA

Foto: Eduardo Beleske/PMPA

O Prêmio Açorianos

Instituído em 1977 pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através de sua Secretaria de Cultura, é uma premiação para os melhores do ano as áreas de músicateatrodançaliteratura e artes plásticas e é considerado o mais importante prêmio cultural do estado do Rio Grande do Sul.

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