por Alice Castiel
Era 2016, era São Paulo e eu estava em uma livraria já perdida da minha amiga Angélica Freitas - livrarias e confeitarias acabam com meu senso de direção - e quando meus olhos encontraram novamente os da minha amiga ela carregava um livro e me disse: Vou te dar esse de presente. O Livro das Semelhanças - uma poeta mineira amiga minha, Ana Martins Marques, acho que tu vai gostar.
Foram necessários alguns minutos na entrada do cinema adjacente à livraria para cair de joelhos em frente a escrita de Ana. Eu não sei se foi a sensação de forasteira em uma cidade que não era minha ou a forma sútil de acertar o âmago da alma com um soco que não dói mas marca. Algo me prendeu ali. A poesia tem dessas coisas, uma religião profana, iniciada nos primórdios da humanidade, que se prolifera como mantra através de seus leitores. E engraçado que a primeira fisgada dessa leitura foi justamente uma sequência de poemas denominada cartografia.
E então você chegou como quem deixa cair sobre um mapa esquecido aberto sobre a mesa um pouco de café uma gota de mel cinzas de cigarro preenchendo por descuido um qualquer lugar até então deserto
O Livro das Semelhanças (Companhia das Letras)
Vocês também sentem esse lugar de onde ela fala? Essa excitação pelo novo, ainda que desastrado? Uma nova paixão, um novo projeto, uma nova cidade, uma nova casa. Ainda que desconfiada, contida, dolorida. Os poemas da Ana me tocam nesse lugar de mulher que se expande e se recolhe muitas vezes em um único dia e viraram também uma das minhas rotas de fuga em dias difíceis.
Não à toa foi um dos meus abrigos no início dessa quarentena. Sou produtora de cultura mas nos últimos anos venho me dedicando à música e suas derivações, da qual se incluem shows, festivais, lançamentos e outros tipos de eventos noturnos e extremamente sociais. Não poder sair na rua é retornar ao núcleo central da nossa intimidade. A convivência com a própria pele toma forma de casa e passamos a reorganizar as cartografias, travando novos caminhos para os percursos criativos da mente e dos dias, que se configuram agora em outro tempo.
Se a poesia e a música se encontram em rimas e ritmos, ler os poemas da Ana Martins Marques, dentro da imensidão do novo silêncio urbano, me ecoou melodia. Reverberamos a própria voz dentro das quatros paredes em um movimento solitário. Como misturar esses sons, dividindo angústias e estimulando o trabalho artístico, se apropriando das limitações impostas por um isolamento social e as devolvendo como potencialidade criativa?
Foi essa a premissa para o Ensaios de Morar. Desafiar 14 artistas a transformarem em canção 14 poemas da Ana, que trouxessem em sua essência a casa e a memória da casa. Amplificar a intimidade, registrando em áudio e vídeo, como lhes parecesse possível, a interpretação desses versos estranhamente familiares.
O que se vê a partir dos trabalhos prontos e aqui nesse ambiente virtual é um recorte não só do trabalho de talentosas artistas de darem sua cara e se apropriarem criativamente das palavras de outra mulher mas também de narrarem através dos sons e das imagens como tem sido para cada uma delas viver um tempo outro. Ouvir e ver esses vídeos, para mim, foi como estar à deriva no oceano e enxergar lá longe a luz circular de um farol, que ilumina e escurece o brilho dos olhos.
Desejo que você, caro leitor/espectador/ouvinte, se embrenhe nessas águas profundas repletas de sofás, paredes, móveis e chuveiros. E que, quando for possível deixá-los e voltarmos as ruas e aos abraços, possamos lembrar que lar é sempre lá.
por Moema Vilela
A moradia é esse naco de universo que inventamos mais nosso. Gaston Bachelard, no que talvez seja o maior dos ensaios sobre a casa, diz que “todo espaço verdadeiramente habitado traz a essência da noção de casa”. Neste 2020, assombrado pela pandemia que vem transformando radicalmente a vida de bilhões de pessoas, as palavras de Bachelard nos interrogam sobre as casas que temos erguido, em conjunto, como humanidade.
Estamos em casa na Terra? Estamos em casa na rua?
De robe de estrelas, as mãos no bolso, uma mulher fita a porta do apartamento, fechada.
Atento, o cão aguarda à porta, bem de perto. Quase encostando a cabeça nessa fronteira, como se na véspera de presenciar sua abertura. É bonita essa clareza dos bichos, que revelam tão bem pelo que anseiam: o passeio, a comida, o carinho, a cancela aberta.
A porta está fechada há quanto tempo?
No sofá, a moça do robe de estrelas se deita, de olhos abertos. Pode ser espera também, quando nos deitamos sem que seja para dormir?
Em outra sala de apartamento, outra mulher perambula, se desdobra. À mesa, escreve; próxima à janela, fuma; no sofá, alcança o violão e canta sobre ficar, apenas ficar, até que a palavra morar faça sentido.
Agora o que está fora da casa é trazido para dentro pelas janelas, pelos celulares, pelas sacadas. Nas sacadas, um sol sem fronteiras aquece e nutre, mas também indica nutrições de outras naturezas, nas imagens da cidade: os prédios, a avenida, as promessas de mais gente, de mais vida em movimento.
Todo fora é celebrado, eletrizante: o vento nas árvores, o mato no quintal. O pátio. Até as antenas, os fios entrelaçados que trazem a eletricidade e para dentro de casa a água quente, a leitura da noite, as distrações – os desenhos em neon se refazendo no rosto, em um filtro do Instagram. O tempo passa.
Estamos em casa, enquanto a areia corre em nosso “corpo / de ampulheta”?
Para brincar com o tempo, interrogamos o espaço, ao olhar pelo fundo de um copo ou por dentro de um cartaz enrolado; distorções para enxergar melhor a paisagem conhecida. Investigar o espelho, a memória do companheiro, os rótulos de shampoo.
No universo de uma casa, há quantos bilhões de galáxias?
As evidências do passado em órbita, em objetos e mobílias, em cantos que guardam uma infância, lembranças de outras vidas. Em um aparador, há conchas, fósforos, óculos. Um buquê de macela, dentro do vaso trançado e pintado de rosa. Quanta intensidade pode haver em uma louça antepassada, a caneca esmaltada em que se tomava o café de criança.
Rearranjadas em novos sistemas estelares, em novas moradas, as coisas da casa assumem identidades múltiplas: em um poema, a mesa é como uma cama diurna, com seu coração de árvore, de floresta. No universo paralelo, a mesa, sólida madeira, apoia também palavras de poder: um livro de Angela Davis, outro de Ailton Krenak. A companhia da cuia de chimarrão, a térmica e um cão, deitado por debaixo.
Como é forte uma casa que não é um cenário. Casas que não parecem, como às vezes acontece para os vídeos, montadas, como em mostras de design de interiores e paisagismo. Casas bem vivas, de uma intimidade de arrepiar. Ali, sentada naquele tapete, escorada naquele armário, alguém lê seus livros. Um livro e outro livro. Espalha a biblioteca pelo chão. De tanto ler, as posições sabidas cansam, a leitora põe as pernas para cima.
A repercussão das palavras de um poema no corpo, na voz, na imaginação: são ensaios de morar em um verso. Que dádiva são esses ensaios em cápsulas, a partir da obra da Ana Martins Marques, uma das poetas brasileiras contemporâneas mais magistrais.
Ensaios de morar em uns versos, ensaios de conversar: O filósofo e poeta com que iniciei esse texto diz também que, “se nos perguntassem qual o benefício mais precioso da casa, diríamos: a casa abriga o devaneio, a casa protege o sonhador, a casa nos permite sonhar em paz”. Mas que sonhos e que paz, que proteção possível há, que abrigo de que telhado, se não vêm de juntar as cumeeiras de nosso céu, e a amizade, como no poema de Paul Éluard?
“Ensaios de morar” parece oferecer também pequenos ensaios de viver o presente, em livres traduções de grandes artistas do agora – e viver o presente requer sempre toda nossa arte, nossos pulmões, tambores e cuícas, a conversa com o entorno que nos cerca, e delimita, e reverbera a luz de dentro.
a porta
como toda fronteira
é apenas para se atravessar
um corpo a corpo
e já se está do outro lado
dela nascem o fora e o dentro
ela que é seu vazio
Em A Vida Submarina (Editora Scriptum) por Kaya
Rodrigues
Aqui se está
o mais longe do cavalo
o mais longe da árvore
saber que o concreto enlouquece
que as pessoas se desgastam
racham, acumulam
sombra que o cimento sonha, as pessoas
trincam
por solidão
saber que nem sempre se pode
puxar pelos cabelos o pensamento
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
por Nina Nicolaiewsky
A pequena área
Do apartamento
Cabe a ela:
Ela guarda
O sol
Em seu coração
Rubro
Ruim
E no prato
Que repartimos
Devolve-nos hoje
Ardente
O sol
De ontem
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
por B.art
Nenhuma planta
No apartamento mobiliado
(A menos que as xícaras
Comecem a florir)
A não ser a planta
Dos pés
Arrastando raizes
Arrancadas à força
(Mal sustentando o
Peso morto do amor)
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
por Dessa Ferreira
Mais importante que ter uma memória é ter uma mesa
mais importante que já ter amado um dia é ter uma mesa sólida
uma mesa que é como uma cama diurna
com seu coração de árvore, de floresta
é importante em matéria de amor não meter os pés pelas mãos
mas mais importante é ter uma mesa
porque uma mesa é uma espécie de chão que apoia
os que ainda não caíram de vez.
Em A Vida Submarina (Editora Scriptum)
por Gutcha Ramil
Os parentescos entre a leitura e o sono
Estão por ser estudados
Ambos exigem uma espécie de concentração
Às avessas
Em ambos pensa-se em nós
O pensamento do outro.
Ambos se fazem melhor na cama
Nem sempre a posição é confortável
Mas o conforto não é tudo
Os parentescos entre a leitura e o amor
Estão por ser estudados.
Em A Vida Submarina (Editora Scriptum)
por Aline Araújo
A água escoa nos canos como o tempo escoa em teu
corpo
De ampulheta
A casa vive na circulação secreta dos canos
A eletricidade pensa a casa por dentro.
Em A Vida Submarina (Editora Scriptum)
por Carina Levitan
Sem lembrança
de liquens
ou memória
do mar
de pé
sozinha
no banheiro
do apartamento
sem pretexto
para o pranto
No more tears
rosnam os rótulos
da Johnson & Johnson
lavo eu mesma
meus cabelos
curtos
que um dia
você lavou
numa bacia
enquanto
pelo basculante
baço
como ela mesma
a amassada
lua
Brilha
Em Da Arte das Armadilhas (Editora Companhia das Letras)
por Rita Zart
Dentro do armário
Do seu quarto de dormir
Se você sai
E deixa o armário aberto
Durante todo o dia
O espelho reflete
Um pedaço da sua cama
Desfeita.
Se você sai
E deixa a porta fechada
Durante todo o dia
O espelho reflete o escuro
Do seu armário de roupas,
A luz contida dos vidros
De perfume
Do outro lado do poema
Não há nada.
Em Da Arte das Armadilhas (Editora Companhia das Letras)
por Thayan Martins
Podemos atear fogo
À memoria da casa
Desaprender um idioma
Palavra por palavra
Podemos esquecer uma cidade
Suas ruas pontes armarinhos
Armazéns guindastes teleféricos
E se ela tiver um rio
Podemos esquecer o rio
Mesmo contra a correnteza
Mas não podemos proteger com o corpo
Um outro corpo do envelhecimento
Lançando-nos sobre a lembrança dele.
Em O Livro das Semelhanças (Editora Companhia das Letras)
por Bel Medula
Um caramujo
como uma caixa de fósforos
que levasse nas costas
o incêndio da casa
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
por Paula Posada
A cura está no tempo, dizem,
mas, ela pensa, por que não
no espaço?
ou antes não há cura
a vontade de partir antecede sempre
a casa
estamos para ir
prestes, mas não prontos
só vigor e vontade
lar, ela pensa, é sempre lá
(talvez, lançar-se)
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
por Clarissa Ferreira
Esse prédio foi pensado para pessoas
Como um projeto
Mulheres-mapas, homens com um plano
De voo
Capazes de abrir a porta com uma
Palavra chave
Esse prédio só poderia existir
Na ausência do mar
Apenas ficar aqui
Por força ficar aqui
Até que a palavra morar
Faça sentido
Em Como Se Fosse a Casa (Relicário Edições)
por Thays Prado
Dão voltas e voltas os navios
Que não tem mais por que partir:
Não há mais continentes por conquistar.
Velas, bússolas, mapas
Restam também
Sem utilidade:
Nenhuma direção é nova
Ou desconhecida,
Até a dor encontrou sua medida.
Em A Vida Submarina (Editora Scriptum)
por Saskia
Alice Castiel é formada em Produção Audiovisual na PUCRS e trabalha com produção cultural desde 2010 na cidade de Porto Alegre. Depois de produzir alguns shows pontuais na cidade como Metá Metá(SP) e Graveola(MG), direcionou seu trabalho para a música e hoje em dia gerencia criativamente e operacionalmente o Projeto Concha, projeto voltado a sensibilização e a escuta de artistas mulheres. Com 9 meses de vida, o Concha já recebeu artistas como Letrux, Juçara Marçal, Luedji Luna, Xenia França e Maria Beraldo, além de trabalhar diretamente com artistas da cena local. Além do Projeto Concha, produz a banda instrumental Trabalhos Espaciais Manuais e a cantora e compositora Thays Prado.
Ana Martins Marques nasceu em Belo Horizonte em 1977. É graduada em letras, mestre em literatura brasileira e doutora em literatura comparada pela UFMG. Publicou os livros A vida submarina (Editora Scriptum, 2009), Da arte das armadilhas (Companhia das Letras, 2011), O livro das semelhanças (Companhia das Letras, 2015), Duas janelas (com Marcos Siscar, Luna Parque, 2016), Como se fosse a casa (com Eduardo Jorge, 2017, Relicário Edições) e O livro dos jardins (Quelônio, 2019). Ganhou o Prêmio Cidade de Belo Horizonte, nas categorias Poesia – autor estreante (2007) e Poesia (2008), o Prêmio Literário Alphonsus de Guimaraens (2011) e o Prêmio Oceanos (terceiro lugar, 2016).
Aline Araújo é pianista, compositora e bacharela em música pela UFRGS. Além de artista, atua como professora de piano e teoria musical. Realizou recitais solo, participou de diversos festivais e tem colaborado com artistas de diferentes áreas. Lançou seu primeiro EP junto da banda Celeuma Instrumental Livre, em 2017. No ano seguinte, concebeu o espetáculo Elã - experiência híbrida de música, dança, cinema expandido e performance - que contou com a colaboração das artistas Béthany Martínez, Paloma Rossatto e Lívia Koeche. Em 2019, compôs a trilha sonora do curta metragem Esqueleto, financiado via FAC-RS. No mesmo ano, desenvolveu seu trabalho autoral na Residência Artística do Projeto Concha/Natura Musical. Dos projetos que participa destacam-se as bandas As Aventuras, Enxame e o Tributo Elis Regina, com a cantora Camila Lopez e o Arrastão.
Bel_Medula (Isabel Nogueira) é compositora, performer, produtora musical e musicóloga. É doutora em Musicologia pela Universidade Autônoma de Madri e professora da UFRGS, onde coordena o Grupo de Pesquisa Sônicas: Gênero, Corpo e Música. Tem diversos álbuns de música experimental, entre eles, o álbum de canções PeleOsso. Escreve sobre metodologias feministas na pesquisa artística. Em 2019, foi orientadora da residência artística para mulheres no Projeto Concha/Natura Musical, coordenado pela produtora Alice Castiel.
B.art é rapper, DJ, poeta, MC, fotógrafa, jornalista e escritora. Aborda temáticas astrais, discussões sociais e gritos de liberdade na sua rima. Seu projeto foi selecionado para o programa Natura Musical, juntando-se a outros grandes nomes de artistas do Rio Grande do Sul. Ainda em 2020, lança seu primeiro disco, acompanhado de zine, shows e uma série de videoclipes.
Carina Levitan é musicista e artista plástica. Trabalha com trilhas e desenhos de som para audiovisual, performances e instalações. Tem graduação em Sound Arts & Design pela University of The Arts London. Idealizou o Ovo Festival Sonoro, projeto internacional de experimentação musical, através do Edital Sonora Musical FAC/RS. Projetou e construiu a praça do som no colégio Marista Champagnat. Coordenou a Escola Caseira de Invenções da 9ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Participou do grupo de improvisação Unknown Devices - The Laptop Orchestra dirigido por David Toop. Fez a direção musical do programa Pandorga exibido pela TV Brasil, entre outros trabalhos. Em 2019, foi residente do Projeto Concha/Natura Musical, participou da mostra coletiva Demonstração por Absurdo, no Instituto Tomie Ohtake, e participou do projeto Unimusica, da UFRGS.
Clara Trevisan é ilustradora, animadora e arte educadora com formaçao em Artes Visuais pela UFRGS. Tem interesse e experiência com narrativas visuais, cinema e educação e arte educação para crianças e adolescentes. Atualmente trabalha com animação em 2d.
Clarissa Ferreira é violinista xucra ciborgue, compositora, bacharela em violino pela UFPEL, mestra pela UFRGS e doutora em Etnomusicologia pela UNIRIO. Considera-se uma musicista de formação violinística eurocêntrica que se desgarrou para buscar outras formas de compreender o instrumento. De suas pesquisas acadêmicas, criou o blog Gauchismo Líquido, em 2014, e um single intitulado Manifesto Líquido, em 2018. Em seu projeto autoral Pampa de Vênus, desenvolve narrativas sonoras sobre a regionalidade do Rio Grande do Sul, buscando criar uma nova linguagem estética aliada a sons eletrônicos e acústicos. Com a poeta Marília Kosby, criou a performance Poesia Xucra, em 2018. Foi uma das residentes do Projeto Concha/Natura Musical em 2019. No mesmo ano, atuou como diretora musical dos espetáculos Pago Revisitado, Unimúsica/UFRGS, e do Líricas Sulinas, Sonora Brasil/SESC. Integra o grupo As Tubas, como musicista e diretora musical. Realiza masterclasses e atua como professora de violino popular e criação musical. Atualmente dedica-se ao seu trabalho autoral realizando shows, compondo e planejando a gravação de seu primeiro álbum.
Dessa Ferreira é cantora, compositora, percussionista, bacharel em música pela UFRGS e produtora musical. É liderança do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, uma das fundadoras e compositoras do grupo Três Marias, idealizadora do Ngoma - núcleo de vivência em percussão e do Coletivo Pretambor. Também toca nos trabalhos autorais de Dona Conceição, Thiago Ramil e nos grupos Sankofa Drums e Oseetura. Ainda em 2020, grava seu primeiro álbum autoral solo e lança o primeiro CD do grupo Três Marias.
Gutcha Ramil é rabequeira, violinista, cantora, percussionista, compositora, educadora e antropóloga. Mestre em Antropologia Social – Etnomusicologia pela UFRGS, é uma das fundadoras do grupo Três Marias. Além disso, participa de projetos artísticos como o grupo Ibeji e o Sankofa Drums, integra a banda dos compositores Thiago Ramil e Dona Conceição e faz parte do projeto Casa Ramil, que reúne diferentes gerações de artistas da sua família. É uma das coordenadoras do Ngoma - núcleo de vivência em percussão e cultura popular e atua como educadora no Afro-Sul Odomodê e na ONG Afaso.
Kaya Rodrigues é cantora, atriz e performer. Possui formação em teatro e pós-graduação em Pedagogia da Arte pela UFRGS. Há dez anos desenvolve pesquisa voltada à cultura popular, tendo sido uma das fundadoras dos coletivos Bloco da Laje, Criadoras Negras-RS e do Bloco Não Mexe Comigo que Eu Não Ando Só, o segundo formado somente por mulheres. Sua caminhada com a música nasce do teatro e seu trabalho é inspirado pelo encontro com sua ancestralidade para narrar episódios cotidianos.
Moema Vilela é escritora e professora. Possui doutorado e mestrado em Escrita Criativa pela PUCRS, mestrado em Letras e graduação em Comunicação Social pela UFMS. É professora adjunta dos cursos de Letras e Escrita Criativa da PUCRS e uma das coordenadoras do curso de Especialização em Escrita Criativa Unicap/PUCRS. Publicou contos, poesias, artigos e ensaios em diversas revistas literárias e é autora dos livros Ter saudade era bom (2014), finalista do Prêmio Açorianos, Guernica (2017), Quis dizer (2017) e A dupla vida de Dadá (2018).
Nina Nicolaiewsky é cantora, compositora e educadora musical. Bacharel em Música Popular pela UFRGS, já participou de diversos grupos artísticos, como UPA e Orquestra de Brinquedos. Hoje dedica-se à banda Enxame e ao seu trabalho autoral.
Paula Posada é musicista, graduanda em Música Popular pela UFRGS. Como DJ e produtora, apresenta uma pesquisa que valoriza o minimalismo, explorando a desconstrução musical através dos recortes de melodias e ritmos e utilizando a linguagem da música eletrônica como expressão máxima de sua identidade artística. É produtora e residente da festa Base, co-criadora do coletivo Arruaça e integrante da crew da label Goma rec. Em 2019, participou da residência artística do Projeto Concha.
Rita Zart é diretora musical, locutora, cantora e compositora. Faz parte do Coletivo Sonoro Gogó, de Porto Alegre. Dirigiu trilhas sonoras de longas e curtas metragens que estrearam nos Festivais de Berlim, Veneza e do Rio de Janeiro. Em 2019, lançou seu primeiro EP e foi uma das compositoras residentes do Projeto Concha/Natura Musical. Em fevereiro de 2020, lançou o clipe da música Linguagem, que ficou em 1º lugar na lista de 10 Melhores Clipes do Trimestre feita pelo site Hits Perdidos para o m-v-f Awards.
Saskia ou Virgula ou Sal Sa é compositora, produtora e DJ que produz suas músicas em casa, com poucos recursos. Ela usa samples, beats, instrumentos e pedais, para cantar sobre experiência pessoais e coletivas. Seus shows têm o objetivo de levar a plateia a uma experiência tanto de dança e movimento quanto de introspecção e hipnose. Já lançou suas faixas pelos selos Raio X, Hérnia de Discos e NoN Worldwide. Seu primeiro álbum de estúdio, Pq, foi lançado em 2019 pela QTV e tem coprodução de Mateus Tabu e Renato Godoy. Integra os coletivos de artistas negros Turmalina e Coletividade Namíbia, o selo de música futurista Zona Exp e é residente da festa Vorlat.
Thayan Martins é percussionista, compositora e pandeirista oficial do grupo Três Marias, de Pamela Amaro e do Cachaça de Rolha. É atuante na cena de samba, choro e música popular, nas rodas e shows, já tendo acompanhado e dividido o palco com grandes músicos e artistas. Começou a prática do pandeiro na Oficina de Choro e Samba do Santander Cultural em 2009 e, no mesmo ano, conheceu a Turucutá Batucada Coletiva Independente, onde desenvolveu a prática de outros instrumentos de percussão e do universo do samba. Tocou por vários anos com o Central do Samba no Domingo Cultural do Afro Sul Odomodê.
Thays Prado é cantora. É uma das idealizadoras do projeto Cantautoras, que pesquisa a autoria feminina na música popular latina e brasileira, e, por dois anos, integrou o coletivo As Tubas. Em 2020, lança seu primeiro single, Vals de los Abuelos, que contará com um clipe e que é uma homenagem aos seus avós uruguaios. Seu álbum de estreia começou a ser gravado antes do início da pandemia.