Livros para Salvar do Fogo consistiu na publicação de vídeos de personalidades de diferentes áreas (literatura, sociologia, artes visuais, entre outras) falando qual livro optariam por salvar do fogo e por quê. O projeto surgiu inspirado no romance Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, escritor que, em 2020, completaria cem anos de vida, sendo considerado um dos mais admiráveis e produtivos de nossos tempos e figurando entre os mais traduzidos do mundo.
A obra Fahrenheit 451 apresenta uma sociedade distópica onde os livros são proibidos e queimados, seus portadores são considerados criminosos e a população passa grande parte da vida em frente a telas de televisão. Nesse contexto, uma comunidade minoritária de pessoas começa a memorizar livros como forma de preservá-los, em uma ação de resistência que tem início sem planejamento: cada um tinha um livro que desejava se lembrar e se lembrou. É isso que o projeto Livros para Salvar do Fogo quis descobrir, qual livro personalidades contemporâneas desejariam guardar em um mundo ameaçado pelo fogo – de todos os tipos e tamanhos.
Ray Bradbury (Waukegan, 1920 – Los Angeles, 2012)
Desde sua infância, Ray Bradbury desenvolveu a paixão pelos livros, lendo autores como H.G. Wells, Júlio Verne e Edgar Allan Poe. Foi com a idade de doze anos que começou a escrever, espelhando-se nas histórias de que gostava. No ano de 1938, encerrou os estudos formais na Los Angeles High School, mas continuou a estudar como autodidata – afirmava que, aos vinte e oito anos, “graduou-se da biblioteca”, fazendo referência aos dez anos que passou frequentando de três a quatro vezes por semana uma biblioteca local. Ao longo de sua vida, lançou mais de quatrocentos contos e aproximadamente cinquenta livros, transitando entre narrativas ficcionais, poesias, ensaios, peças de teatro, roteiros para filmes e programas de televisão. Recebeu diversas premiações, como a National Book Foundation Medal for Distinguished Contribution to American Letters (2000) e o Pulitzer Prize Special Citation (2007).
A primeira versão do conto The Fire Man, que mais tarde se tornou Fahrenheit 451, foi escrita na sala de datilografia do porão da biblioteca da Universidade da California, em Los Angeles, onde Bradbury alugava uma máquina de escrever a dez centavos por cada meia hora. Nos intervalos de sua escrita, caminhava pelas estantes, tocando os livros, tirando-os das prateleiras, virando suas páginas, perdido de amor – contexto propício para escrever essa história que é também uma reafirmação da potência dos livros e da leitura.
Confira aqui os vídeos da série.