21/09/2022 - 19h11

Grupo de leitura no Ateliê PUCRS Cultura discute o terceiro livro, O carro do êxito, de Oswaldo de Camargo

Conduzido por Tônio Caetano, o grupo tem como objetivo debater a escrita de autoria negra

Oswaldo de Camargo

O grupo de leitura Ateliê PUCRS Cultura – Literatura Negro-Brasileira: ontem, hoje e amanhã, conduzido pelo professor e escritor Tônio Caetano, se reúne para a discussão do livro O carro do êxito, de Oswaldo de Camargo. 

Os quatorze contos que integram a obra traçam perfis de personagens negras que passam a ocupar posições historicamente renegadas a elas, tendo como pano de fundo a cidade de São Paulo. Passeamos com o autor, através da perspectiva do personagem Lírio da Conceição, por espaços que vão trazendo novas questões para as personagens – como uma crítica aos estereótipos atribuídos à população negra.

A atual edição do grupo de leitura do Ateliê PUCRS Cultura tem como objetivo debater a escrita de autoria negra, trazendo uma seleção de livros com olhares diversos sobre a questão racial e as questões de classe e gênero brasileiras. Os encontros acontecem quinzenalmente nas quintas-feiras, das 17h30 às 19h, no espaço físico do Ateliê PUCRS Cultura, que fica no térreo do prédio 30, na Escola Politécnica do Campus da PUCRS. Para se inscrever, clique aqui.

— Mas, antes, o jovem Deodato Antunes Brandão nos brindará com poemas e interpretações ao moderno clavicórdio.
Clavicórdio, poxa, não estou mentindo, o velho falou clavicórdio… e os pretos ali, ouvindo, segurando o copo, situação podre, pesadelo mesmo e a festa estava boa, com Caymi, Noel, o J. Piedade, de repente armaram aquilo e trouxeram o pobrezinho do menino que nunca andou com a gente. (…)
Pois o jovem declamou e tocou o tal clavicórdio, mas deu dó na gente. Antigamente a gente gostava. Lembro de uns nomes que o pianista Jesus anunciava na Associação: Chopin, Rachmaninoff, Franz Liszt… Hoje estamos aqui, aplaudimos sim, mas não é coisa nossa, é cultura imposta, má colocação de problema…
Tive pena do Deodato. Escurinho triste (…) Tive dó. Me deu vontade de dizer pra ele, quando tocava no tal clavicórdio:
— Vem com a gente, menino, nossa mãe vai gostar de você. Vem ver nossa casa, vem ver a família da gente, vem ver. Vem ver a “negrícia” da gente.

(trecho do conto “Negrícia”, do livro O carro do êxito, Oswaldo de Camargo)

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