“A esperança ativa é um desejo, um empenho e um compromisso da gente”
Ator Sérgio Mamberti deixou legado à cultura brasileira contemporânea e toda a sociedade. Assista sua entrevista à PUCRS Cultura, na série Ato Criativo
Uma das últimas entrevistas do ator foi em junho deste ano, à PUCRS Cultura / Foto: Matheus José Maria
Uma das últimas entrevistas do ator Sérgio Mamberti, que morreu na madrugada desta sexta-feira (3), em São Paulo, foi em junho deste ano, à PUCRS Cultura, durante a série Ato Criativo.
Um bate-papo mediado pelo professor e diretor do Instituto de Cultura, Ricardo Barberena, reuniu o artista com o escritor Dirceu Alves Jr., com o qual escreveu o livro autobiográfico Sérgio Mamberti: senhor do meu tempo. A conversa foi transmitida pelo canal da PUCRS no YouTube – onde está disponível para acesso. A série Ato Criativo tem como objetivo aproximar o público de pessoas que criam em diversas áreas da cultura, proporcionando espaços de bate-papo com artistas.
Na ocasião, quando questionado pelo professor sobre manter a esperança ativa, o artista que construiu sólida carreira nos palcos e na TV, e deu vida ao querido personagem Doutor Vitor, na série ‘Castelo Rá-Tim-Bum’, da TV Cultura, disse: “A esperança ativa é o que nos alimenta e nos dá esperança de que vai passar. Não é uma ingenuidade, não é um wishful thinking, mas é um desejo, um empenho e um compromisso da gente”.
Já Dirceu, fez questão de mencionar que a esperança foi algo presente durante toda a vida de Mamberti. “A partir da convivência com o Sérgio neste trabalho do livro, vejo o quanto foi movido por essa esperança ativa. Ele teve grandes momentos, teve muito sucesso, mas também teve muitas dificuldades, enfrentou muitas perdas. Porém, sempre acreditou que daqui a pouco, daqui a uma semana, tudo ia ficar muito bem, ele iria superar. E acho que neste momento, ler este livro também diz um pouco sobre essa perspectiva que a gente precisa ter, de acreditar que alguma coisa tem que acontecer”, comentou.
Nesta sexta-feira (3/9), após a notícia da partida do ator, o professor Ricardo destacou que a história de Mamberti se confunde com a história da cultura brasileira contemporânea e que sua atividade como ator, diretor e ativista na área das artes, transformou o cenário brasileiro e possibilitou que hoje tenhamos um teatro mais arrojado e contemporâneo.
“Sérgio Mamberti foi um batalhador pela cultura, para a cultura, e deverá ser lembrado como um ator, como um artista, como um criador que não foge ao seu dever social e que demonstra muito bem a vinculação entre o ético e estético. Não há uma possibilidade dentro da belíssima trajetória do Sérgio de pensar a arte longe da sociedade. Fará muita falta e certamente deixa um legado brilhante de luta pela cultura como um elemento formador de uma identidade nacional”, destaca Barberena.
O professor lembra ainda de momentos marcantes da carreira do ator. “Sua atuação em Balcão, de Jean Genet, transformou a história do teatro brasileiro, mas também como não lembrar, afetivamente, de tantas infâncias que foram transformadas pelo ‘Castelo Rá-Tim-Bum’? A entrevista com Sérgio foi um raro momento de encontro do humano, do sensível, do afeto, de um gigante da nossa cultura que não perde a simplicidade nos laços humanos e na partilha do sensível”.
Assista a entrevista completa no canal da PUCRS no YouTube.
Sobre o ator
Sérgio Duarte Mamberti foi ator, diretor, produtor, autor, artista plástico e político brasileiro. Formado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo, atuou como dramaturgo por mais de 50 anos. Estreou no teatro profissional com a peça Antígone América, escrita por Carlos Henrique de Escobar, produzida por Ruth Escobar e dirigida por Antônio Abujamra. Na década de 1970, trabalhou na dramaturgia brasileira junto com Beatriz Segall, Regina Duarte e Paulo José. Na peça Tartufo, de Molière, dividiu o palco com Paulo Autran sob a direção de José Possi Neto. Em 1988, viveu um de seus personagens mais marcantes, na novela Vale Tudo de Gilberto Braga. Além disso, atuou em filmes, séries, minisséries e outros especiais. Em sua carreira política, foi secretário de Música e Artes Cênicas, secretário da Identidade e da Diversidade Cultural, presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e secretário de Políticas Culturais.