5 livros disponíveis na Biblioteca da PUCRS para conhecer escritoras negras brasileiras
No mês que marca o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, conheça autoras que compartilham suas histórias, lutas e conhecimentos por meio da literatura
Conceição Evaristo participa ativamente de movimentos de valorização da cultura negra no Brasil/ Foto: Camila Cunha
Este mês é marcado pelo Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, lembrado em 25 de julho. Em um país como o Brasil, onde a maioria da população é negra (56 %, segundo o IBGE) e as desigualdades sociais, raciais e de gênero são gritantes, datas como essa são um convite não para celebrar, mas para refletir sobre esses problemas e conhecer e apoiar a luta de quem diariamente sente na pele a dor do preconceito.
A partir da análise de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e de dados do IBGE coletados entre os anos de 2010 e 2022, o estudo mostra que no segundo trimestre desse ano, por exemplo, o trabalho da mulher negra representou 46% dos ganhos dos homens brancos. Em 1998, por exemplo, esse percentual era de 40%. Elas também são mais as mais afetadas pela agressão doméstica, bem como por outros tipos de violência.
Mudar esse cenário está nas mãos de todos e todas, e um dos caminhos para combater o preconceito é conhecer mulheres negras e o trabalho produzido por elas. Relembrar suas histórias e conquistas, mas também reconhecer os desafios que seguem enfrentando é essencial – e a literatura é um campo muito rico nesse sentido. Confira algumas dicas de livros de escritoras negras que estão disponíveis na Biblioteca da PUCRS.
5 livros para conhecer escritoras negras brasileiras
Djamila Ribeiro é uma das 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo dos 40 anos / Foto: Jefferson Bernardes/ Agência Preview
O livro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos, a autora apresenta caminhos de reflexão para quem deseja aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Para a escritora, a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Djamila Ribeiro é filósofa, pesquisadora e uma importante voz brasileira no combate ao racismo e ao feminicídio. Já recebeu premiações como o Cidadão SP em Direitos Humanos e Dandara dos Palmares, além de ter sido a primeira brasileira a receber o BET Awards, maior prêmio da comunidade negra estadunidense. Djamila também está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo de 40 anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
A autora integra alguns cursos do Pós PUCRS Online.
Nesse importante romance memorialista da literatura contemporânea brasileira, a autora traduz, a partir de seus muitos personagens, a complexidade humana e os sentimentos profundos dos que enfrentam cotidianamente o desamparo, o preconceito, a fome e a miséria; dos que a cada dia têm a vida por um fio. Sem perder o lirismo e a delicadeza, a autora discute, como poucos, questões profundas da sociedade brasileira.
Conceição Evaristo é escritora e participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra do Brasil. Nascida em Belo Horizonte, ganhou prêmios como o Jabuti de Literatura de 2015, na categoria Contos e Crônicas; e Literatura do Governo do Estado de Minas Gerais de 2018 pelo conjunto de sua obra.
Em 2020, Conceição participou de um episódio da série Ato Criativo, promovido pela PUCRS Cultura. A gravação está disponível no YouTube:
O livro tem origem no diário da autora, à época catadora de papel e moradora da favela do Canindé, em São Paulo. A obra apresenta um relato feito a partir do olhar sensível e realista da escritora, contando o que viu, viveu e sentiu nos anos em que viveu naquela comunidade.
O livro foi o primeiro de Carolina Maria de Jesus, publicado em 1960. A obra foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas. A autora, uma das primeiras escritoras negras do Brasil, ainda publicou mais dois livros e, após sua morte, em 1977, outras seis obras póstumas foram lançadas.
O diálogo proposto pelo livro está alicerçado em um dos ensinamentos de Paulo Freire: de que uma das nossas brigas como seres humanos deve ser dada no sentido de diminuir as razões objetivas para a desesperança que nos imobiliza. Nesse sentido, a obra aponta uma recusa ao fatalismo imobilizante pregado pelo contexto neoliberal, pela globalização capitalista e pela desigualdade social e racial, que deve se pautar em uma postura epistemológica e política criticamente esperançosa.
Nilma Lino Gomes é uma pedagoga brasileira, doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Em 2013, tornou-se a primeira mulher negra a ocupar o cargo mais importante de uma universidade no Brasil ao assumir como reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab). Deixou o cargo em 2015 para ser ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (incorporada naquele ano ao recém-criado Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos), cargo no qual permaneceu até 2016. Entre suas publicações estão livros e artigos originados de suas pesquisas até narrativas de ficção para crianças e jovens.
O livro reúne, pela primeira vez, alguns dos artigos da autora publicados na imprensa brasileira entre os anos de 2001 e 2010. Nos textos, Sueli promove uma reflexão crítica sobre a sociedade brasileira, explicitando como o racismo e o sexismo têm estruturado as relações sociais, políticas e de gênero. A coleção Consciência em debate tem o objetivo de discutir assuntos que interessam não somente aos movimentos negros, mas a todos os brasileiros.
Filósofa, escritora e ativista do movimento negro, Sueli Carneiro é doutora em Educação pela USP e fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, primeira organização negra e feminista independente de São Paulo. Criou o único programa brasileiro de orientação na área de saúde física e mental específico para mulheres negras, pelo qual mais de 30 mulheres são atendidas semanalmente por psicólogos e assistentes sociais.
Sobre o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
A data faz menção ao dia 25 de julho de 1992, quando grupos femininos negros de 32 países da América Latina e do Caribe se reuniram na República Dominicana com o objetivo de denunciar opressões e debater soluções na luta contra o racismo e o sexismo. O encontro ficou marcado na história e foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e da Diáspora.
No Brasil, 25 de julho também é marcado pelo Dia Nacional de Tereza Benguela e da Mulher Negra, em homenagem à líder quilombola no século 18 e exemplo de luta e resistência contra a escravização e a opressão.
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