Doutoranda da Famecos participa de encontro sobre desafios da transição ecológica na França 

Evento reuniu universidades para atualizar ações de engajamento climático

08/12/2023 - 19h29

Em sintonia com a 28ª edição da Conferência das Partes, a COP28, que acontece até o dia 12 de dezembro, em Dubai, representantes de 17 instituições de ensino francesas reuniram-se em Chasseneuil-du-Poitou, na França, para discutir sobre as mudanças climática no universo acadêmico.

Foto: Lara Ely/Famecos/PUCRS

A pesquisadora Lara Ely, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, PUCRS, participou a convite da Universidade Paul Valéry 3, em Montpellier, do evento.

Lara realiza Doutorado Sanduíche pelo Programa Capes Print. Para ela, que investiga a relação de ESG (Governança ambiental, social e corporativa) com inteligência artificial, conhecer estratégias de engajamento de instituições estrangeiras com seus públicos ajuda a perceber novos cenários de atuação.

“Pensar o papel das histórias socioambientais nesse processo é importante porque, em tempos de substituição de pessoas por máquinas, surgem novas oportunidades de trabalho no campo da comunicação”, reflete.

Na abertura do encontro, Virginie Laval, a presidente da universidade de Poitiers abordou o papel da inovação, colaboração e novas metodologias e disse que a educação é o ponto que liga ambiente e economia. Segundo Virginie, o olhar sensível para a transição ecológica é uma marca dos profissionais formados pela instituição.

“É a dissonância que vai engajar”

No painel “Digital, Compras, Recursos Humanos e Patrimônio”, os conferencistas abordaram como áreas-chave do Ensino Superior podem contribuir com o debate. Na Universidade de Rennes, por exemplo, o desafio de Emilie Reáu, vice-diretora geral de serviços de transição ecológica, é ter coragem para inovar nos processos tradicionais. Ela toma decisões baseadas em fatores como urgência e tempo.

“É preciso começar pelas ações práticas e planejar movimentos transformacionais no longo prazo. Tudo que será transformado coletivamente começa individualmente, por isso precisa cooperação para redigir as premissas de transformação. É a dissonância que vai nos engajar”, conclui.

Segundo Lara, o evento discutiu diversas áreas – levantando a importância da atuação de cada uma delas no debate. Na informática, por exemplo, os desafios vão desde comunicar as ações até avaliar resultados. Segundo o diretor do sistema de informação da Universidade La Rochelle, Stuart McLelam, a instalação de uma governança estrutural para a informática responsável passa por inovação coletiva e envolve os atores do Parque Tecnológico.

Foto: Lara Ely/Famecos/PUCRS

Já na Sorbone, a atuação do setor de Compras conta com o empenho da diretora Cristina Morosan em monitorar indicadores no comitê de sustentabilidade. Além da realização de auditorias, ela foca em treinamento para os profissionais do setor.

“Temos de limitar o impacto ambiental de todas as compras, além de considerar critérios sociais. Para isso, foi preciso sensibilizar os compradores para fazer compras mais responsáveis”, explica Cristina.

Na pauta, processos de autoavaliação institucional foram mencionados, abordando possíveis estratégias que destaquem a importância de reportar avanços e desafios dentro das universidades. Stéphane Mottet, do Conselho Científico da Universidade de Poitiers, referiu-se à dimensão transversal do tema, com a criação de referências e o registro da jornada rumo ao posicionamento sustentável.

“Cabe à instituição oferecer capacitações sobre o desenvolvimento sustentável, questões climáticas, técnicas, ambientais, mas também fomentar aspectos comportamentais”.

 

E a comunicação?

Em entrevista com Lara Corrêa Ely, a pesquisadora compartilhou insights sobre o papel da comunicação na transição ecológica.

“Todos que estão no ambiente acadêmico, do professor ao segurança, precisam receber informações e estar capacitados em relação ao monitoramento das metas e dos indicadores”, disse Lara. “Tem que ter um olhar de repórter investigativo para fazer essa extração de dados”, completou.

Foto: Lara Ely/Famecos/PUCRS

A pesquisadora também discutiu a urgência da questão climática, destacando suas interconexões com biodiversidade, mobilidade, justiça climática e desenvolvimento sustentável. Ela apontou para a necessidade de olhar para questões locais e agir de forma proativa no contexto brasileiro, reconhecendo que, embora o país tenha o potencial de liderar em sustentabilidade, os desafios de desenvolvimento mais imediatos frequentemente obscurecem essa prioridade.

Em relação ao cenário atual do Brasil neste aspecto, Lara observou que é crucial não separar a preservação do meio ambiente de outros desafios que o país enfrenta.

“Temos tantos desafios de desenvolvimento que os problemas climáticos ou as questões de sustentabilidade acabam ficando em última esfera”, ressaltou a pesquisadora. “Assim como tentamos resolver problemas na educação, no mercado de trabalho, de violência e de fome, temos que ir um pouco mais além e perceber que preservar o meio ambiente também é importante”, concluiu.

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