Sociólogo e autor de diversos livros, o francês Dominique Wolton discutiu a comunicação em uma era de tecnologia, destacando desafios globais e o valor da comunicação
Na tarde desta terça-feira (13), o sociólogo francês Dominique Wolton realizou a palestra Comunicar é Negociar, que também corresponde ao nome de sua obra mais recente. O evento ocorreu no auditório do Prédio 7 da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e marcou o início das celebrações dos 30 anos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS, que serão completados em 2024.
A palestra, mediada pelo professor Juremir Machado da Silva, teve a presença da decana da Escola, professora Rosângela Florczak, e começou com a entrega do troféu 30 anos do PPGCOM a Dominique Wolton, em reconhecimento à contribuição para a área de Comunicação.
Wolton abordou temas diversos, como a comunicação em um mundo cada vez mais permeado pela tecnologia, a necessidade de defender a identidade e a garantia de que o outro não seja visto como uma ameaça em um mundo globalizado. O autor francês também fez comparações entre as formas de comunicação na Europa e na América Latina, sem esquecer da influência da colonização nesse processo.
Quanto ao título da palestra, o sociólogo alertou sobre o fato de que tendemos a buscar pessoas que se assemelham a nós, mas, muitas vezes, precisamos negociar com quem é muito diferente. “A globalização não é uma verdadeira comunidade. É preciso desenvolver o mínimo de respeito pelo outro na comunicação”.
Para Wolton, a comunicação humana é sempre mais importante do que a comunicação tecnológica e que não são os robôs que fazem guerras, mas os humanos. Nesse aspecto, ele mencionou conflitos como as guerras entre Rússia e Ucrânia, alertando que a falta de comunicação é responsável por problemas de grandes dimensões, como conflitos entre países, assim como também é fator de dificuldade das relações pessoais e rotineiras em qualquer âmbito. “A falta de comunicação é a raiz do problema. E entre as dificuldades nas diferentes formas de comunicação, o silêncio é a pior delas”.
O pesquisador ainda defendeu uma filosofia política da comunicação em oposição a uma política técnica, indo de encontro ao que as grandes empresas de tecnologia muitas vezes propõem ao colocar a tecnologia em primeiro plano ao invés da comunicação humana.
No final do evento, Wolton dirigiu-se aos estudantes, afirmando que eles estão corretos em se dedicar a essa área, pois a comunicação é, de fato, um campo complexo e desafiador.