A obra foi reconhecida como Melhor Narrativa no Festival Ann Arbor e pode chegar ao Oscar
O curta-metragem Flores, desenvolvido no curso de Produção Audiovisual (Teccine) da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, conquistou o prêmio Lawrence Kasdan de Melhor Narrativa, no 57º Festival Ann Arbor, que homenageia produções independentes. A celebração aconteceu no dia 1º de abril, no Teatro de Michigan, Estados Unidos. Esse reconhecimento possibilita a seleção do filme para integrar a lista de concorrentes ao Oscar no ano de 2020. A obra é de autoria dos alumni (diplomados) Vado Vergara e Henrique Bruch.
Criado para valorizar nichos além do cinema comercial, o Ann Arbor enxerga a produção cinematográfica como arte, dando reconhecimento a títulos experimentais e independentes. A última edição contou com mais de 3500 inscrições para as 21 categorias premiadas, contemplando todos os gêneros. Para Vergara, participar da cerimônia foi enriquecedor. “Compartilhar o Flores com o público e artistas de outras culturas e ter a oportunidade de conhecer conteúdos pouco explorados no Brasil é algo que influencia nosso trabalho, mas também nos transforma como seres humanos”, conta.
Além de oferecer apoio financeiro, o prêmio de Melhor Narrativa qualifica seu vencedor para concorrer a uma nominação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, para disputar o segmento de curta-metragem no Oscar. “É uma oportunidade inesperada, mas absolutamente bem-vinda. É um projeto que saiu da Universidade, com empenho de diferentes alunos, e está rodando o mundo. Resta, agora, esperar e torcer”, comemora o artista.
Escrito e dirigido pela dupla, o curta é uma parceria entre o Teccine e a Pocilga Filmes, com atuação de estudantes do curso na produção executiva, arte e elenco. As imagens foram feitas para a cadeira de Laboratório de Produção 5, disciplina experimental do último semestre, e gravadas no espaço Ocupação Violeta. Para Vergara, as facilidades do Campus foram essenciais na trajetória de criação. “A PUCRS foi importante desde a contribuição do conhecimento disponibilizado na formação acadêmica até a facilitação da produção de um filme, o que está cada vez mais difícil, com o sucateamento da cultura e todas as áreas sociais. Somos muito gratos pela liberdade de criar, tanto na forma quanto no conteúdo, e de poder circular um discurso sobre temas tão polêmicos na atualidade”, afirma o produtor cultural.
A obra de 17 minutos aborda o crescimento dos grandes centros urbanos e mercado imobiliário enquanto seres humanos são despejados de espaços ociosos. Enquanto isso, acompanha a rotina de dois jovens que buscam compreender sua ligação afetiva. Um deles, artista visual, divide a moradia ocupada com uma mulher transexual de 70 anos – cujo destino é marcado pelas drogas. A trama se desenrola enquanto os jovens adultos lutam para descobrir seus caminhos individuais, sem abrir mão do vínculo que os une.