Pesquisa do professor Marcelo Crispim da Fontoura, docente da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, foi publicada pela revista Journalism Practice, do Reino Unido
Assim como na maioria das áreas, o jornalismo está constante adaptação a um novo modelo de atuação devido às inovações tecnológicas. Nesse contexto marcado pela digitalização, as fronteiras jornalísticas também passam por mudanças que tornam a área cada vez mais dinâmica. Esses são alguns dos aspectos abordados na pesquisa Possibility Generator: A Study of Hearken As Expansion of Journalism Boundaries, desenvolvida pelo professor Marcelo Crispim da Fontoura, docente da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. O estudo foi publicado na revista britânica Journalism Practice, uma das maiores referências na área.
A pesquisa teve como base a tese de doutorado de Fontoura, defendida no Programa de Pós Graduação em Comunicação da PUCRS, que recebeu menção honrosa no Prêmio Adelmo Genro Filho 2021, categoria Tese de Doutorado, concedido pela Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo.
“Para pesquisadores brasileiros, acessar publicações relevantes internacionalmente é sempre uma conquista, mostra que temos potencial para demonstrar nosso trabalho para outros âmbitos acadêmicos e que nossa produção tem relevância”, celebra o pesquisador.
Na pesquisa, Fontoura aborda a expansão das fronteiras do jornalismo a partir da digitalização da produção jornalística e sua disponibilização em plataformas digitais. Durante o estudo, o pesquisador realizou doutorado-sanduíche em Chicago, nos Estados Unidos, com duração de seis meses. A mobilidade contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Nessa experiência, o professor desenvolveu a pesquisa empírica a partir do estudo de caso da consultoria norte-americana Hearken. A empresa atua auxiliando veículos jornalísticos a construírem uma relação mais próxima com o público, através de estratégias para que redações possam ouvir a audiência e, a partir disso, criar jornalismo.
Fontoura fez uma observação participante por dez dias na sede da Hearken, em Chicago, onde pode observar de perto as rotinas e processos da consultoria, além de realizar entrevistas com as equipes de funcionários. Nessa etapa, o pesquisador questionou de que forma o jornalismo está presente na atuação da empresa e como os colaboradores se viam como profissionais, ou seja, se eles se declaravam como jornalistas.
De acordo com Fontoura, em uma sociedade extremamente midiatizada e conectada, entender o que é e o que não é jornalismo, e como ele se comporta, é cada vez mais vital. Para o docente, compreender que existem novas formas de pensar e fazer o jornalismo também é importante, pois permite conceber um jornalismo dinâmico, mais próximo do público, mas mantendo seus princípios de importância social.
O resultado das entrevistas revelou que, embora praticamente todos colaboradores tivessem algum tipo de formação jornalística, apenas alguns consideravam que trabalhavam com jornalismo na Hearken. Os funcionários também se dividiam ao pensarem se a própria empresa era jornalística ou não. Para Fontoura, esses resultados demonstram que existem muitas formas de ver jornalismo no ecossistema, que muitas vezes vão além das definições tradicionais que o campo emprega.
“Torna-se evidente que existe um processo de expansão das fronteiras do jornalismo para assimilar novas práticas e definições relacionadas a si, como uma tentativa de lidar com a mudança e se firmar em um período de tanta desconfiança e transição” conclui o pesquisador.
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