Confira texto de Carina Schroder, doutoranda em Comunicação Social no Programa de Pós-Gadruação da Escola de Comunicação, Artes e Design - Famecos
Foto: Envato Elements
No cinema, vimos as personagens femininas evoluírem de papeis secundários, secretárias e donzelas em perigo, para protagonistas que representam mulheres reais e das maneiras mais variadas, sendo suas próprias heroínas em suas histórias. O protagonismo feminino na ficção científica não é algo “recente” – a história entre as mulheres e a ficção científica é tão longa quanto o próprio gênero. Como voltei minha análise para a personagem Ellen Ripley, do filme Alien, encontrei nela um molde de heroína e protagonista feminina que começa a ser “seguido” em outros filmes que surgem depois.
Na minha pesquisa, foi interessante ver como a “voz” da mulher começa a guiar histórias de uma maneira que foge dos padrões que antes eram seguidos por heróis masculinos, traçando suas próprias rotas e destinos e indo além de apenas uma donzela indefesa que precisa ser salva pelo herói. Ao longo dos anos, especialmente de 1979 até os dias atuais (que foi o período em que foquei minha pesquisa) é interessante notar quando um filme e uma personagem feminina é pensada através de um viés de teoria feminista do cinema e quando esse pensamento não ocorre para os realizadores. Ou seja, fica claro quando uma personagem feminina é complexa e tridimensional, tem uma voz ativa na sua própria história e não apenas aparece em uma narrativa como um “rostinho bonito” que precisa ser salvo, ou para ser admirada pelo público.
Carina é doutoranda o PPGCOM / Foto: arquivo pessoal
Um ponto que eu foco bastante na minha pesquisa é a necessidade que a representação feminina na ficção científica (e no cinema em geral) vá muito além de apenas mulheres como protagonistas nas histórias. Elas precisam ser escritas, dirigidas e produzidas por mulheres – e mulheres diversas. As histórias que precisam ser contadas e mostradas nas telas vão muito além de mulheres héteros, cisgêneras e brancas. A representatividade nas telas depende, e muito, de uma representatividade por trás das câmeras para que pessoas reais se vejam representadas nas telas para além de uma “simbologia de diversidade”. O que eu quero dizer com isso? É muito mais interessante que as histórias mostrem mulheres imperfeitas, mulheres de verdade, que choram, que lutam, que brigam, que suam e que não acordam perfeitamente maquiadas.
Se posso dar um conselho para quem está produzindo obras audiovisuais e quer ter uma representatividade legal feminina nas suas produções é: contrate mulheres, ouça mulheres, leia mulheres e trabalhe com mulheres. E para quem apenas gosta de consumir filmes: procure filmes que tenham representações reais de mulheres. Saibam ser críticos quando as representações femininas objetificam essas pessoas, ou quando as mulheres são deixadas de lado nas narrativas para serem apenas um apoio para o herói masculino chegar ao fim de sua jornada. Saiba apreciar que mulheres são diversas e têm seus próprios caminhos a trilhar.
