Saiba como a tecnologia pode melhorar seus resultados estratégicos.
A era da informação trouxe consigo um desafio significativo: como gerenciar a vasta quantidade de dados disponíveis? Explore a importância da análise de dados na esfera da comunicação política e adquira habilidades para implementar seus resultados com eficiência.
Na era digital, a comunicação tornou-se mais abrangente do que nunca. Com a dimensão de plataformas digitais, redes sociais e ferramentas de mensagens instantâneas, a quantidade de dados gerados, diariamente, é enorme.
De acordo com a Domo, uma plataforma que torna os dados acionáveis com painéis e aplicativos mais acessíveis para empresas, 2.5 quintilhões de bytes de dados são geradas todos os dias por 4.39 bilhões de usuários da internet.
Nas organizações, dados e informações são a base para os processos e desenvolvimento organizacional, de acordo com Cristiane de Lima Caputo Abreu em seu trabalho “O uso de sistema de gerenciamento de banco de dados para controle de contratos: estudo de caso em uma empresa de construção pesada de Belo Horizonte.
Nesse contexto, a análise de dados emerge como uma técnica fundamental para compreender e aprimorar as estratégias de comunicação das organizações.
Segundo o professor de publicidade e propaganda da Famecos e Coordenador de Marketing da PUCRS, Tiago Luis Rigo, no eixo de dados e performance em comunicação, as possibilidades de mensuração aumentaram muito nos últimos anos.
O professor também explica que, devido aos avanços da tecnologia e às mídias digitais, o âmbito profissional tem uma gestão de dados muito mais efetiva do que tínhamos antes.
“Os desafios eram medir os meios tradicionais, como rádio, TV e jornal, utilizando estatísticas muito padronizadas e não tão específicas como vemos hoje em dia”, afirma.
Ainda comenta que, hoje, conseguimos olhar para a comunicação detalhadamente e saber o perfil dos consumidores e clientes de cada marca.
A análise de dados fornece, a partir de um banco de dados organizado e portador de informações corretas, uma base objetiva para a tomada de decisões fundamentadas.
Em um mundo cada vez mais orientado por informações, a capacidade de compreender e interpretar dados relevantes é fundamental para otimizar as estratégias de comunicação.
Logo, ela permite a identificação de padrões, tendências e insights que podem direcionar os esforços de comunicação para públicos específicos. Além de contribuir para a avaliação de campanhas e iniciativas, possibilitando ajustes em tempo real para melhorar o impacto e a eficácia.
Na quarta edição do estudo “Tendências da Comunicação Organizacional” em 2023, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE) trouxe um panorama do futuro da comunicação, provando que a tecnologia e os dados estarão cada vez mais presentes nesta área.
A coleta de dados, realizada por meio de autopreenchimento em sistema on-line, comprova que as duas habilidades mais relevantes para os profissionais de comunicação são adaptabilidade às novas tecnologias e capacidade de mensuração e demonstração de retorno financeiro.
Dentre os maiores desafios citados pela organização para a comunicação nos próximos anos estão o aumento da demanda por pesquisa e mensuração, o uso adequado da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a opinião de analistas de mercado.
Em outra etapa da pesquisa, os participantes foram desafiados a pensar em futuras mudanças na área da comunicação, e atribuíram estas mudanças aos seguintes aspectos:
Por fim, entre as habilidades tecnológicas que os futuros profissionais de comunicação precisarão para ter sucesso, estão: gestão de dados, análise de big data, tecnologias preditivas de inteligência artificial e otimização de mecanismos de busca (SEO).
A pesquisa da ABERJE revelou o que a sociedade já imaginava: a comunicação está, inevitavelmente, se unindo aos dados.
De acordo com o professor Tiago Rigo, o papel da gestão de dados, atualmente, é entregar uma comunicação mais assertiva e personalizada, já que ela nos auxilia no melhor entendimento do usuário.
O coordenador de campanhas e consultor de comunicação e marketing político, Angelo Muller, afirma que a análise de dados é fundamental para a política por oferecer insights, auxiliar na compreensão de atitudes, humor, predisposição e tomadas de decisão, além de, em casos de campanhas políticas, direcionar posicionamentos, propostas, ações dos agentes e a comunicação de maneira geral.
Os dados podem ter diversas origens na comunicação, como pesquisas de opinião – quantitativas ou qualitativas, pesquisas demográficas, de hábitos de consumo, de audiência e engajamento nas mídias digitais, penetração de mídia ou até mesmo dados históricos.
Segundo Angelo, entre as principais aplicações da análise de dados na comunicação e marketing político, talvez a mais importante seja a possibilidade de otimização dos recursos disponíveis. Tempo, apoiadores e dinheiro formam, em conjunto com a mensagem e o posicionamento, a espinha dorsal das campanhas políticas. Utilizá-los com inteligência é o que normalmente diferencia campanhas profissionais de amadoras.
Mas podemos citar aplicações mais práticas, como a compreensão do perfil do eleitorado, que possibilita o desenvolvimento de mensagens e estratégias mais eficazes; a identificação e segmentação dos públicos-alvo; a compreensão das variações de opinião ao longo do tempo sobre assuntos como economia e segurança, por exemplo, e das suas relevâncias no processo eleitoral; a construção de modelos preditivos; o monitoramento das mídias digitais; a identificação do surgimento de crises; o impacto de políticas públicas e assim por diante, afirma o autor do livro “Política do Ódio no Brasil”, Angelo Muller.
As vantagens do uso da análise de dados são inúmeras, especialmente na comunicação política.
Elas podem beneficiar tanto o emissor das informações, quanto o receptor delas.
Os benefícios da coleta de dados na política, especialmente para grupos políticos, são muitos. Entre eles:
1. Tomada de Decisão Embasada
A análise de dados permite que os comunicadores políticos tomem decisões estratégicas com base em evidências quantificáveis, em vez de depender apenas de intuições ou suposições.
2. Segmentação do Público
Os dados permitem uma compreensão mais profunda do público-alvo, facilitando a segmentação eficiente. Isso possibilita a personalização das mensagens para atender às necessidades e interesses específicos de diferentes grupos demográficos, resultando na eficiência das campanhas políticas.
3. Monitoramento em Tempo Real
Ferramentas de análise de dados admitem o monitoramento em tempo real das reações do público às mensagens políticas. Isso permite ajustes rápidos de estratégias em resposta a eventos atuais e opiniões públicas, que estão em constante mudança.
4. Aprimoramento da Mensagem
A análise de dados possibilita avaliar a eficácia das mensagens políticas. Com o feedback constante, os comunicadores podem ajustar linguagem, tom e conteúdo para garantir uma comunicação mais eficaz.
As informações obtidas através da coleta de dados beneficiam o receptor, fazendo com que, além do emissor da comunicação política, eles também tenham vantagens em sua experiência:
5. Engajamento Participativo
A análise de dados pode incentivar a participação ativa dos eleitores por meio de pesquisas, feedback e interação direta.
Isso cria um ambiente mais participativo e democrático na esfera política.
6. Informação Personalizada
A análise de dados possibilita a entrega de informações políticas personalizadas aos eleitores, levando em consideração suas preferências e interesses específicos.
Isso cria uma experiência mais relevante e envolvente.
7. Acesso a Dados Confiáveis
Os eleitores se beneficiam ao receber informações provenientes de fontes confiáveis e embasadas em dados.
Este fator contribui para uma compreensão mais sólida dos problemas políticos e das propostas apresentadas.
8. Transparência e Prestação de Contas
A transparência na comunicação política, facilitada pela divulgação de dados, promove a prestação de contas.
Eleitores podem avaliar a consistência entre as promessas políticas e os resultados alcançados.
Com a quantidade de dados disponíveis, é arriscado se distrair pelos números grandes e não prestar atenção nos mais importantes. Segundo Tiago Rigo, é preciso ter um painel de indicadores bem definidos para conseguir operar os dados com segurança.
No âmbito político, Angelo Muller afirma que não existe uma fórmula, até mesmo para o planejamento político com dados. Segundo ele, as campanhas podem apresentar características distintas, configurando a utilização de grupos específicos de dados – por exemplo, grandes centros tendem a ter uma relevância maior para o digital se comparados a municípios menores.
E da mesma forma, os profissionais de marketing e comunicação podem ter suas preferências e interpretações sobre quais os dados serão mais relevantes, bem como quando e como devem ser coletados.
O que não muda, em campanhas profissionais, é que a interpretação desses dados deve embasar o posicionamento e a comunicação dos candidatos ou, ao menos, servir de contraponto para as tomadas de decisão.
Segundo o coordenador de campanhas, é necessário deixar claro que os dados analógicos já exerciam um papel fundamental no planejamento político profissional antes do digital. Mas após o surgimento do mesmo, abriu-se um mundo de novas possibilidades.
Atualmente, os profissionais da comunicação têm acesso à inteligência artificial generativa que, alimentada com os dados corretos, pode contribuir muito com a produção de conteúdo, tida como a bola da vez na eleição de 2024 e 2026 para o consultor de comunicação e marketing político.
Ele afirma que também temos as análises de sentimento, que melhoraram bastante nos últimos anos; as métricas de alcance e engajamento das mídias digitais que permitem a medição da comunicação praticamente em tempo real; a publicidade digital baseada nos rastros deixados pelo usuário, com ferramentas cada vez mais eficientes; a construção de modelos preditivos mais complexos e confiáveis, baseados em grupamento de dados que antes seria impossível de coletar e organizar e assim por diante.
Agora, da mesma forma que o digital abriu esse mundo de possibilidades, tudo ainda é muito novo. O mundo da política, que antes era o primeiro a aproveitar as tecnologias de comunicação disponíveis, hoje vem a reboque do mundo corporativo, dos e-commerces, muitas vezes demorando muito para compreender a importância e incorporar as ferramentas disponíveis. Ao mesmo tempo, faltam profissionais realmente qualificados no mercado com interesse genuíno em política e dispostos a participar dos processos eleitorais.
Além dos benefícios, existem riscos enfrentados pela análise de dados no quesito de ética.
Hoje em dia, a linha é muito tênue na questão de dados e privacidade do usuário.
A coleta e análise de dados sem consentimento do usuário podem violar a privacidade dos indivíduos.
O compartilhamento inadequado de informações sensíveis pode acarretar consequências negativas na vida pessoal e profissional dos indivíduos.
A falta de transparência pode levar a uma perda de confiança por parte dos usuários e stakeholders.
A visualização dos dados pode afetar a inteligibilidade, caso estejam difíceis de entender, podendo comprometer a tomada de decisões de uma equipe.
Existem riscos de violação de segurança e vazamento de dados pessoais, portanto é importante estar inteirado sobre a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
A segurança inadequada pode gerar danos significativos para a organização e o indivíduo.
A manipulação intencional dos dados para favorecer determinados resultados ou narrativas também é muito comum.
Esta atitude é especialmente vista em campanhas políticas, nas quais os candidatos e suas equipes criam gráficos com proporções erradas e conteúdos distorcidos para convencer o público de que estão à frente nas pesquisas.
É possível concluir que, com a influência dos dados no dia a dia da comunicação política, é cada vez mais fácil de medi-los para alcançarmos os melhores resultados para tomada de decisão.
Os dados já fazem parte do dia a dia da política, e devem ser utilizados a favor da mesma para alcançar melhores resultados.
Todavia, é necessário prestar atenção nos desvios de ética que podem ser cometidos nessa jornada, para sempre respeitarmos as organizações e os consumidores das mesmas.