-
08/09/2023 - 15h55
-
08/09/2023 - 15h52
-
08/09/2023 - 15h46
Por Betty Leask (La Trobe University)
O PII serve como direcionador de rota para a IES, tornando claro a toda a comunidade acadêmica onde se pretende chegar com o processo de internacionalização, e o caminho escolhido pela instituição para isso. Define objetivos da internacionalização em consonância com o Plano Estratégico Institucional. No Brasil, ainda são poucas as instituições com PII. Segundo a Capes, em 2017, menos de 40% das IES afirmavam possuir plano.
Com o objetivo de facilitar a compreensão sobre essa ferramenta essencial, sintetizamos abaixo, a partir de texto do livro “Educação Superior – reflexões e práticas do Brasil e da Austrália” (remeter via link direto ao texto fonte da Carla Cassol), método de elaboração do PII. É importante ressaltar que o plano deve ser a base de um ciclo contínuo de aprimoramento do processo de internacionalização, alimentado pelo monitoramento constante de sua execução e dos resultados alcançados.
Síntese do método de elaboração do PII
Passo 1 – Análise interna da instituição
O objetivo é conhecer profundamente o estágio atual do processo de internacionalização da IES, identificando diferenciais e vantagens competitivas, bem como seu posicionamento atual e fragilidades. Por meio de diagnóstico interno com base em levantamento de informações sobre atividades de internacionalização realizadas, chega-se também às competências chave da instituição.
As motivações da internacionalização variam e por isso mesmo é fundamental preservar particularidades institucionais, tendo em vista o contexto de inserção da instituição, histórico e suas necessidades particulares. É a partir deste lugar único que serão definidos os melhores caminhos a percorrer por cada instituição, ditando objetivos estratégicos, e orientando estratégias adotadas. Aqui é preciso observar a convergência entre objetivos da internacionalização e institucionais, bem como com suas motivações para atuar no tema, além de produtos e serviços ofertados pela IES com maior vocação internacional. São eles que irão gerar o portfólio de oportunidades internacionais a serem exploradas, e tornarem mais claro os fatos intervenientes no processo de internacionalização particular da IES.
Passo 2 – Análise do ambiente externo
Coleta e compreende dados primários e secundários sobre viabilidade/potencial dos objetivos pretendidos pela IES. As informações podem vir de pesquisas de mercado especializadas ou de entidades intervenientes no mercado internacional, como embaixadas, associações de educação internacional e câmaras de comércio.
É a hora de analisar o ambiente econômico, político e legal, verificando potenciais barreiras para o desenvolvimento da estratégia institucional, analisando a concorrência e impactos de cada aspecto externo sobre objetivos e estratégias institucionais, além de identificar parceiros possíveis e potenciais.
Passo 3 – Análise do modelo de gerenciamento
É o momento de estabelecer o modelo de negócios, considerando necessidades de adaptação, mudanças e flexibilidade da IES em relação ao arranjo organizacional necessário para efetivação do PII, no contexto específico da instituição. O modelo de negócio deve ser individual, exclusivo e próprio e respeitar as características únicas de cada IES, e consequentes particularidades que precisam ser refletidas no PII.
Passo 4 – Planejamento
Hora de clarear as propostas e objetivos iniciais, traduzindo sua intencionalidade em planos de ação estratégicos e operacionais com desdobramentos nos diversos aspectos da comunidade universitária. Definem-se as ações com respectivas prioridades, prazos, responsáveis e recursos disponíveis.
Passo 5 – Acompanhamento e monitoramento
Nesta etapa é estruturado o modelo de avaliação do processo, a partir do acompanhamento da execução do PII. Estabelece metas e indicadores, projetando desdobramentos da estratégia inicial. A aplicação de indicadores exige a manutenção de informações consistentes sobre as atividades de cooperação internacional da instituição.
Ao adotar determinado indicador em detrimento de outro, a estrutura institucional fica obrigada a realizar trabalho de compilação e processamento de dados da internacionalização, assim como a estabelecer método padronizado de coleta da base que servirá para consulta, análise e gestão do processo contínuo de internacionalização.
Esse é um dos grandes desafios para a instituição porque é preciso ir além de algarismos chave facilmente alcançáveis ou resultantes do processo neste esforço, como o número de bolsas ou de acordos de parcerias firmados. Faz-se necessário tratar indicadores e criar outros que aprofundem e qualifiquem as informações coletadas no processo, tendo em vista as metas institucionais e a necessidade de manter séries históricas comparáveis, bem como a importância de parâmetros de comparação entre IES e países.
É a partir da gestão e avaliação contínua do processo de internacionalização que depende fundamentalmente do esforço realizado pela instituição no passo 5, que o PII se torna um instrumento vivo e sólido para a tomada de decisão, investimento e correção de curso permanente de um processo de internacionalização bem-sucedido, com benefícios palpáveis para a instituição e a comunidade na qual atua.
Imagem síntese dos passos descritos