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Por Betty Leask (La Trobe University)
No terceiro seminário da série realizada pelo Centro, em 2020, foi discutido o papel do governo no incentivo a parcerias em pesquisa com benefícios mútuos. O evento trouxe exemplos de como a Victorian Economic Development Office, no estado de Victoria, vem trabalhando na América Latina com foco no setor educacional.
O painel mostrou o papel estratégico das universidades nas políticas de atração de investimentos estrangeiros para Victoria, sendo elemento decisivo do processo de desenvolvimento da região. Conhecido na Austrália como o “Estado da Educação”, Victoria usa essa vantagem competitiva na atração e fixação de empresas em busca de uma base operacional na Ásia-Pacífico. Esse diferencial educacional largamente assentado num amplo processo de internacionalização da Educação Superior no estado tem trazido benefícios diversos ao longo do tempo.
A advogada chilena, Nathalia Gorromo iniciou a conversa como representante da Agência de Desenvolvimento de Victoria na América Latina. A função do escritório coordenado por ela é apoiar empresas do estado australiano que fazem negócios na AL, bem como levar corporações da região a montarem bases de operação no país.
“Convidamos empresas latino-americanas a conhecerem as vantagens de se estabelecerem em Victoria”, explicou. Segundo ela, a colaboração em pesquisa entre empresas e universidades, bem como projetos conjuntos entre IES dos dois continentes têm sido fundamentais para fechar negócios e investimentos mútuos com países latino-americanos. Grandes empresas brasileiras como a Marco Polo, a JBS e a Natura se estabeleceram em Victoria, também pelas oportunidades de colaboração em pesquisa e formação disponíveis.
O estado de Victoria tem um setor educacional altamente competitivo, sendo um dos principais destinos de estudantes internacionais no país, que atrai um grande contingente de alunos de todo o planeta e pratica há algumas décadas a chamada “Diplomacia do Conhecimento”, como forma de estabelecer influência no mundo a da colaboração em redes globais de estudo e pesquisa.
A oferta de serviços educacionais por parte de empresas australianas na América Latina também é fonte importante de negócios e comércio para Victoria. Daí a importância de atividades de internacionalização da Educação Superior para a agência.
Em seguida, Andrea Voto-Bernales, diretora educacional da agência na América Latina, explicou que as prioridades geográficas para o estabelecimento de parcerias no setor educacional, inclusive colaboração em pesquisa, atualmente são: Brasil, México, Chile, Peru e Colômbia. O estado possui duas universidades entre as 100 melhores do mundo e 8 entre as 400 primeiras no mesmo ranking, sendo referência global em formação e pesquisa.
Entre 2015 e 2019, a agência fechou memorandos de entendimento com os governos dos estados do Paraná e de São Paulo para ampliação de mobilidade acadêmica e programas conjuntos de formação e treinamento, entre Brasil e o estado de Victoria. Neste momento, segundo Andrea, existem 5 projetos em andamento entre IES brasileiras e australianas, um deles com a PUCRS.
O especialista em mudanças climáticas da RMIT University, Dr. Jega, trouxe ainda exemplos concretos de interesses de pesquisa comuns entre Brasil e Austrália. São temas relacionados às características geográficas semelhantes dos dois países que facilitam o desenho de projetos horizontais de colaboração com benefícios mútuos aos envolvidos, inclusive de captação e otimização dos orçamentos de financiamento de pesquisa.
Segundo ele, o fato dos dois países estarem situados no hemisfério sul e possuírem territórios vastos e diversos em termos de clima, recursos hídricos e florestais, além de intensa atividade agropecuária, cria muitos interesses comuns na pesquisa. Como exemplo, citou projeto sobre águas de tempestade no qual atua hoje, como parte de colaboração em pesquisa entre sua instituição e a Universidade Estadual de Maringá, com financiamento dos governos da Austrália e da Índia.
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