08/09/2023 - 14h42

Como a pesquisa sobre o Ensino Superior pode ajudar na formação de talentos e no desenho de políticas públicas

O segundo webinário promovido pelo Ciebraus mostrou a experiência da Universidade de Melbourne na Austrália no uso de evidências de pesquisa para influenciar práticas de ensino e políticas públicas no país. Desde 1968, a instituição referência internacional,  forma líderes dos setores público e privado, contribuindo ativamente com seu trabalho de formação e pesquisa no debate nacional sobre políticas para o ensino superior.

Parte disso, tem sido feito por meio do engajamento permanente e colaboração com a sociedade, sobretudo a indústria, tanto ao pensar a formação de profissionais, quanto pesquisas. William Locke, Diretor do Melbourne Centre for the Study of Higher Education, ressaltou a importância de basear todos os argumentos no debate público sobre educação superior em dados de pesquisa. “Claro que os resultados nunca dão a resposta pronta. E existe um espaço legítimo dos políticos de tomarem decisão e moldar ações, mas evidências obtidas com rigor científico são essenciais como base do processo”, afirmou. E uma das principais contribuições de uma universidade para a sociedade está justamente nessa produção.

Durante o debate, ao ser questionado sobre como evitar uma pressão excessiva para obtenção de resultados que possam ser aproveitados de forma imediata para a sociedade, William enfatizou que o essencial é zelar pelo rigor metodológico como critério principal de financiamento público de qualquer pesquisa. “Todos precisamos aceitar os achados científicos, independentemente de corroborar a nossa percepção inicial ou interesse deste ou daquele grupo. Se o rigor da pesquisa orientar nosso investimento de recursos, penso que isso será garantido”.

Siew Fang Law, responsável pelo Higher Education Engagement and Impact do Centro, destacou os principais desafios para uma colaboração horizontal entre a academia e os diversos setores da sociedade.  Em primeiro lugar, segundo ela, é preciso mudar a cultura da geração de conhecimento como fluxo unidirecional, indo da academia para a sociedade, e perceber esse processo como multidirecional com os dois lados trazendo contribuições igualmente relevantes. “Disciplinas diferentes também possuem formas distintas de colaboração. As áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês) costumam trabalhar com abordagens mais top down, enquanto nas sociais ocorre justamente o inverso. Então não existe um modelo único para seguir e tudo precisa ser pensado em contexto”.

A especialistas sublinhou também a importância de um papel cada vez mais pró-ativo do setor produtivo no desenho curricular e na formação dos alunos. Áreas como o mapeamento de competências em ascensão e queda no mercado de trabalho e a criação de experiências de aprendizagem fora da sala de aula são exemplos de como podem contribuir. Segundo ela, essa participação é essencial para mostrar aos estudantes que a universidade integra um ecossistema mais amplo de desenvolvimento em conjunto com outros atores, e não se encerra nela mesma.

Por fim, Alberto Barone, economista e palestrante sênior do Centro, abordou a importância crescente de habilidades genéricas como pensamento crítico no mercado de trabalho, inclusive em áreas muito tecnológicas. “Esse tipo de flutuação ocorre em movimento quase pendular ao longo dos anos, mas as universidades precisam estar atentas porque é um fator de empregabilidade relevante”.

Quer saber tudo o que foi tratado no webinário? Assista aqui!

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