08/09/2023 - 15h52

Pedagogia para a Internacionalização da Educação Superior

A Internacionalização traz uma mudança no paradigma das universidades que transitam de uma identidade nacional e regional para outra internacional e intercultural. Tal fenômeno transforma o ambiente universitário e apresenta novas interfaces e desafios aos docentes, protagonistas desse processo.

No Brasil a formação de professores de nível superior não possui política pública específica de formação pedagógica, a exemplo do que ocorre no Ensino Básico.  Professores universitários buscam qualificação em nível de Mestrado e Doutorado, em geral em suas áreas de conhecimento específicas, onde se preparam como pesquisadores mas não necessariamente se profissionalizam em funções pedagógicas cada vez mais essenciais.

Algumas instituições mantêm atividades formativas em metodologias de ensino no nível superior, suprindo tal lacuna, mas insuficientes para chegarem a todo o sistema. Isso traz consequências ao ensino-aprendizagem, agravadas ao se introduzir a internacionalização no desenho do currículo, como previsto pela IaH ou IOC, em inglês.

Tais desafios incluem: planos de ensino que promovam a internacionalização, manutenção e ampliação de relações colaborativas com instituições e pesquisadores fora da comunidade universitária, inclusive no exterior, entre outras possibilidades.

Um grupo heterogêneo de alunos, diversos em países de origem, mas também em classes sociais e grupos raciais, como acontece crescentemente no Brasil a partir da introdução de políticas de cotas para negros, indígenas e egressos de escola pública, obriga o professor ao questionamento permante da eficácia de seus princípios e práticas pedagógicas.

A formação de estudantes de origem diversificada exige aprendizagem contínua do corpo docente. As dimensões da formação acadêmica precisam fazer parte de programas de desenvolvimento profissional dos professores, assumindo relevância crescente na formação de cidadãos do futuro.  Estratégias de cooperação e integração atendem também à necessidade de promover aprendizagens relevantes e condizentes com o mundo do Século XXI.

Diante das exigências trazidas pela IaH ou IOC, o desenvolvimento profissional deve possibilitar aos docentes a apropriação de práticas pedagógicas que utilizem como recurso de ensino e de aprendizagem a diversidade dos próprios estudantes. Para isso, propõe-se no contexto brasileiro uma “Pedagogia da Internacionalização da Educação Superior” (colocar um hiperlink aqui remetendo ao texto de Morosini et al no livro do Ciebraus), abarcando quatro dimensões:

 

Dimensão do conhecimento científico da área: compreende o domínio do docente sobre sua área de conhecimento a partir das realidades e referências nacional, regional e internacional, contemplando as tendências do campo científico e proporcionando formação com perspectiva global.

 

Dimensão pedagógica: compreende a interrelação dos elementos do processo de ensino e aprendizagem, com metodologias e recursos adequados ao perfil dos estudantes. Constitui processo de avaliação diagnóstico e formativo, reorientando práticas em sala de aula com base no currículo.

 

Dimensão internacional: compreende a capacidade de trabalhar em redes e projetos colaborativos, numa perspectiva solidária e de cooperação, fortalecendo as capacidades recíprocas e contribuindo para a construção de um espaço local/regional/internacional de educação articulados.

 

Dimensão social: compreende a presença dos alicerces da empatia, respeito e ética que expressam valores indissociáveis de uma educação de qualidade para todos, sem distinção para o desenvolvimento sustentável.

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