Educação inclusiva: como a Universidade pode apoiar estudantes autistas
Abril marca o mês de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Estima-se que no Brasil cerca de 2 milhões de brasileiros vivam com autismo / Foto: Freepik
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou oficialmente o autismo como Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com a organização, o TEA é descrito como um distúrbio do neurodesenvolvimento, que acaba afetando a forma que as pessoas se comunicam e se comportam. Estima-se que no Brasil cerca de 2 milhões de brasileiros vivam com autismo. Possível de ser identificado em todas as idades, o diagnóstico de autismo na vida adulta tem se tornado cada vez mais comum devido às campanhas de conscientização.
Na PUCRS, os/as estudantes têm acesso ao Núcleo de Apoio a Educação Inclusiva, espaço de acolhida que faz parte do Centro de Apoio Discente. Karine Pires, psicopedagoga e analista de Educação Inclusiva do Núcleo, conta que hoje o TEA fica em segundo lugar em número de estudantes que são acompanhados pelo espaço.
“Muitos destes estudantes receberam o diagnóstico há poucos anos ou receberam diagnóstico após o ingresso no Ensino Superior. O processo de vinculação a cada estudante é fundamental e imprescindível, pois somente é possível acessá-los e entender as especificidades de funcionamento de cada um quando eles se sentem vinculados ao/s profissional/ais que os acompanham”, explica Karine.
A estudante de 26 de anos Victoria dos Santos cursa Engenharia de Produção na Escola Politécnica, e começou a frequentar o Núcleo de Apoio a Educação Inclusiva depois da indicação da professora Patrícia. Com o apoio do espaço, a aluna sente que conseguiu melhorar seu desempenho acadêmico. “O núcleo tem me ajudado bastante a fazer as provas porque ter uma sala com silêncio é muito bom. A Karine aqui do centro também me ajudou ano passado com o meu TCC”.
Victoria, assim como é o caso de outras pessoas dentro do espectro autista, foi diagnosticada quando adulta. A futura engenheira conta que foi preciso muitos exames para chegar no seu diagnóstico de nível 1.
“Quando eu comecei a procurar vagas de emprego eu precisava saber se me encaixava nas vagas para Pessoa com Deficiência (PCD), e sempre precisava mostrar alguma coisa. Então eu fiz novamente a avaliação diagnóstica, porque eu já havia feito, mas não tinha mostrado nada. Aí eu fiz novamente e o diagnóstico mostrou que eu tenho autismo leve”, pontua.
O autismo não se manifesta da mesma forma para todo mundo. Atualmente especialistas utilizam o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e a nova Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID 11), publicada em fevereiro de 2022 para entender as variadas formas de manifestação do TEA em cada indivíduo.
Especialistas explicam que autismo não se manifesta da mesma forma para todo mundo. / Foto: Pexels
O Núcleo de Apoio à Educação Inclusiva é composto por psicopedagogos e profissionais de Educação Especial, e esses profissionais acompanham os alunos por todo seu percurso acadêmico. Karine explica que dentro do Núcleo é feita a comunicação aos professores e coordenadores de curso, com orientações sobre práticas pedagógicas adequadas para cada caso, atentando para a singularidade de cada um.
“Nos encontros presenciais, trabalhamos com os estudantes para que consigam desenvolver melhores práticas de estudos, rotina e autonomia. Nós também realizamos ações que promovam acessibilidade em conjunto com outros departamentos da Universidade, assim como o trabalho com tecnologias assistivas para os estudantes com deficiência e adaptação de materiais pedagógicos. O nosso diferencial é o trabalho realizado a partir do vínculo que se estabelece com os estudantes, pois entendemos que com esse vínculo, alunos/as respondem de forma positiva às intervenções realizadas”.
Assim como foi para Victoria, Karine acredita que o apoio do Núcleo se mostra importante para permanência e a conclusão do ensino superior. Além disso, esse tipo de suporte significa também a inclusão de estudantes em com deficiência ou necessidades educacionais especiais “sem sofrimento” e conclusão do ensino superior.
Entre em contato com o núcleo
O atendimento é personalizado, sendo assim os/as alunos/as devem entrar em contato prévio com o Núcleo de Apoio à Educação Inclusiva por e-mail [email protected], pelo telefone (51) 3353-6036 ou pelo WhatsApp (51) 8443-0788. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30min às 21h, e fica localizado no Living 360° (prédio 15), 3º andar, sala 302.
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