16/06/2023 - 14h09 - Por: Liliane Moura

Núcleo de Apoio Psicossocial realiza a Roda de Conversa: saúde mental do estudante trabalhador

O objetivo é discutir os desafios e a importância do autocuidado com os discentes

Em maio, no mês do trabalhador, o Centro de Apoio Discente por meio do Núcleo de Apoio Psicossocial elaborou a Roda de Conversa: saúde mental do estudante trabalhador. Participaram do evento os integrantes do Psicossocial: o psiquiatra Alfredo Cataldo Neto, a psicóloga Ângela Seger e o assistente social Dr. Francisco Arseli Kern – além da coordenadora do Centro Discente, Simone Martins.

Durante uma hora, em formato de círculo os especialistas trocaram ideias e experiências com os participantes, sobre os desafios de conciliar as diversas demandas do aluno e o cuidado com a sua saúde mental. E saber reconhecer o momento de pedir auxílio.

“Quando a pessoa tem uma dor no estomago vai ao médico. Mas quando é uma questão de saúde mental há todo um estigma. Os alunos homens têm o dobro de dificuldade de falar que não estão bem”, analisa o psiquiatra Alfredo Cataldo. “Buscar ajuda é difícil, mas necessário”, acrescenta a psicóloga Ângela. Por causa disso, a psicóloga ressalta a importância de parar de viver no automático e retirar um tempo para refletir sobre si próprio e os acontecimentos da vida.

O assistente social Francisco finaliza o encontro enfatizando que o grande legado da pandemia é mostrar para as pessoas a necessidade do cuidado consigo próprio e com o próximo. Para fomentar este debate segue abaixo a entrevista realizada com Francisco.

Quais são os principais desafios do estudante trabalhador no contexto atual?

Como forma de se manter no ensino superior e enxergar neste a possibilidade da realização de projetos de vida, muitos dos nossos estudantes saem de casa de madrugada e passam oito horas no trabalho e acrescentam mais quatro períodos de estudo na Universidade como forma de qualificação e construção de novos projetos de vida. Muitas vezes, isto causa exaustão, sofrimento, insegurança e desencadeia sofrimentos da condição humana que necessitam intervenção.

Como a Universidade pode contribuir nos cuidados com a saúde mental do estudante trabalhador?

Estamos numa universidade que enxerga os estudantes a partir da sua filosofia, a partir dos seus valores, numa perspectiva de ser integral, por isso existe uma rede de serviços. Além do Centro de Apoio Discente com os seus três Núcleos (Psicossocial, Aprendizagem e Educação Inclusiva), também, a Pastoral, a Ouvidoria, a Central de Atendimento ao Aluno, o setor Prouni e o setor Financeiro, todos os outros serviços se constituem em um entendimento político e de  ações estratégicas a partir dos valores e princípios, e de relações de cuidados com as pessoas.

Como o Núcleo de Apoio Psicossocial pode apoiar ao estudante trabalhador?

Nós recebemos o estudante trabalhador e o acolhemos na sua completude. Nós podemos receber o aluno, fazer o registro da demanda dele, fazer encaminhamento, mas se ele sentir que não o acolhemos, não o ajudamos em nada e podemos ter contribuído na piora da situação dele. Acolher significa escutar não só pelos ouvidos, mas também fazermos uma leitura daquilo que enxergamos no olho, da forma como o aluno se comporta e poder entende-lo e compreende-lo no todo. Dessa forma, o Centro de Apoio Discente passa a ser uma instância em que o aluno possa se sentir acolhido aqui da melhor forma.

Como praticar o autocuidado?

Precisamos retomar o autocuidado. O mundo em que vivemos é também o mundo que provoca medo e nos exige posicionamentos e atitudes. O cuidado com a saúde mental parte de cada um, pois somos sujeitos de nós mesmos e protagonistas das nossas histórias. Mas quando isto não basta, a busca pelo apoio profissional para que nos auxilie, é sempre a decisão mais assertiva.

Como enxergar-se no mundo do trabalho com o desafio dos cuidados com a saúde mental?

O mundo do trabalho é exigente, ingressar, permanecer e desenvolver-se, significa a necessidade de estar bem. As exigências que o trabalho impõe ao estudante, muitas vezes não vem ao encontro da sua área de formação, mas é necessário até por ser uma estratégia de sobrevivência e também manter-se na Universidade. É preciso reconhecer-se como sujeito da construção pois a necessidade do aluno se posicionar diante das possibilidades, deve ser o mesmo posicionamento diante das dificuldades encontradas, ou seja, buscar apoio profissional sempre que necessário. Atitudes como desacelerar, silenciar a mente, refletir em vez do uso constante do celular, enxergar-se e escutar-se são estratégias que ajudam sempre a buscarmos a excelência em nós mesmos.

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