Robótica do bem
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Robô com detector de metais foi construído por alunos da Universidade
Minas terrestres matam de 15 mil a 20 mil pessoas todo ano, principalmente crianças, e causam mutilações em inúmeros outros habitantes de 78 países em regiões de conflito. O esforço mundial para identificação e erradicação desses artefatos chegou a Porto Alegre. A PUCRS e a UFRGS atuaram como organizadoras do 4º Desafio de Robótica Humanitária e Tecnologia da Automação, promovido pelo Institute of Electrical and Eletronics Engeneers (IEEE)/Robotics & Automation Society’s Special Interest Group on Humanitarian Technology (RAS-Sight). A expectativa é que a competição contribua para o avanço da pesquisa na área e possa futuramente evitar mais sofrimento e perda de vidas.
As imagens da final, com o robô percorrendo uma área do Campus da PUCRS, foram transmitidas durante a Conferência Internacional de Robótica e Automação, realizada em maio, em Singapura, na Ásia. As três equipes classificadas foram ao evento, assim como um integrante de cada universidade. Pela PUCRS, compareceu o mestrando em Ciência da Computação Renan Maidana, com financiamento do RAS-Sight e da Faculdade de Informática. O professor Edson Prestes representou o Instituto de Informática da UFRGS.
ALUNOS EM AÇÃO
A competição se dividiu em três fases: de simulação (executada pela universidade federal) e de testes com robô físico (feita pela PUCRS) e a final (com as duas instituições). Quinze equipes, das quais duas brasileiras, participaram. PUCRS e UFRGS não tiveram concorrentes, pois atuaram diretamente na condução da disputa.
Três alunos das Faculdades de Informática e de Engenharia da PUCRS, além do mestrando, integraram-se ao projeto, ligado ao Laboratório de Sistemas Autônomos da Informática. Orientados pelo professor Alexandre Amory, envolveram-se na construção do robô, que foi utilizado por todos os competidores. Acoplaram nele um detector de metais e criaram um software básico para dar acesso aos sensores. “A estrutura final é resultado de muitas tentativas”, conta o professor. Na Engenharia, foi utilizado o recurso de corte a laser para fazer parte da máquina.
Aos competidores cabia determinar ao robô como navegar e se localizar no terreno e o que deveria fazer ao detectar obstáculos. Eles puderam realizar testes preliminares em um ambiente de simulação. Na segunda etapa, os códigos enviados por eles foram rodados no robô físico.
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Campanha realizada no Afeganistão contra o uso de minas
Como se detectam as minas
Convencionalmente, as minas são procuradas por uma pessoa com um detector de metais, o que a faz uma potencial vítima. Em outras iniciativas, um robô é guiado a uma distância segura por controle remoto. “O que tentamos instigar é um terceiro nível tecnológico, no qual a máquina escaneia toda a área sem supervisão humana”, aponta Amory. A competição estimula o desenvolvimento de softwares que permitam melhorar a performance com um custo menor. “A ideia é reduzir o tempo para varrer cada quilômetro quadrado.”
Outro problema a ser resolvido se refere ao GPS. Como foram utilizados sensores de baixo custo, o erro de localização está num raio de cinco metros. Os competidores precisaram buscar outras soluções para tentar melhorar a estimativa da posição do robô. Além da detecção das minas (no caso, placas de metal), era preciso evitar colisões contra obstáculos na arena.
O aluno Augusto Bergamin, do 6º semestre de Engenharia de Computação, obteve “um conhecimento enorme” participando do projeto. “Adquiri muita experiência a partir das soluções que criamos para os problemas. Isso será útil para minha carreira”, conclui.
Competição interna e palestras
A inda em 2017 ocorrerá uma versão reduzida da competição, com o robô utilizado no evento. Poderão participar alunos da PUCRS. Outra oportunidade de ampliar o conhecimento na área será com a vinda à Universidade, na primeira semana de agosto, de Raj Madhavan, fundador e CEO do Humanitarian Robotics Technologies, entidade sediada nos EUA. Internacionalmente reconhecido em robótica humanitária e automação, além de ministrar palestras, ele irá prospectar projetos conjuntos com a Universidade, também com foco em cidades inteligentes.
Desafio final
O desempenho do robô foi gravado para ser transmitido em Singapura
1 – Três equipes passaram para o desafio final: de Singapura, da Índia e da Turquia. O gramado, atrás do prédio 30, foi delimitado por tapumes para que o robô ficasse restrito à área (foto). Códigos enviados pelos finalistas foram rodados na máquina (a mesma para todos os competidores). Número de minas detectadas e/ou explodidas, colisões em obstáculos e tempo para cobrir o terreno foram alguns dos critérios de pontuação.
2 – O teste começou com a colocação do robô em um determinado ponto predefinido. Além de localizar as placas de metal (marcadas por um papel vermelho), o robô precisava passar por elas a uma distância segura. Não foi raro a máquina descobrir a “mina” e logo depois deslizar uma roda em cima dela, o que, na situação real, causaria uma explosão (foto).
3 – Cada equipe tinha três rodadas de 15 minutos para completar a tarefa. Foi utilizado um laptop para se conectar na rede Wi-Fi gerada pelo computador que estava no robô (foto). Parte do software executava na máquina e outra parte, no laptop. Em alguns casos, a colisão em um poste ou no muro concluiu prematuramente a execução do teste. Um botão de emergência era acionado para evitar danos na estrutura.
4 – A meta era a detecção correta de pelo menos 50% das “minas”. Como as equipes não conseguiram cumprir o objetivo, o comitê organizador decidiu que não haveria ganhador. Em uma situação real, mesmo um desempenho de 90% é considerado ruim. “Significa que pode tirar vidas em um campo minado”, constata o mestrando Renan Maidana. Ele lembra que a complexidade do ambiente de testes nesta edição foi maior em comparação às anteriores. “Quisemos reduzir o custo do robô, de forma que ele possa ser montado em regiões emergentes, e também incluir desafios como a indisponibilidade do sinal GPS”, explica.